Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Confissão de menor antecipa recurso de detidos na Bolívia
LIBERTADORES Advogados dos 12 brasileiros presos por morte de torcedor do San José tentam a liberação
A equipe de advogados que defende os 12 brasileiros detidos em Oruro, por conta da morte do jovem boliviano Kevin Espada, 14, durante o jogo entre Corinthians e San José, pela Libertadores, entra hoje com novo recurso para que todos saiam da prisão.
A decisão foi tomada ontem, após a divulgação de que a Gaviões da Fiel promete apresentar hoje à Justiça brasileira um menor de 17 anos como a pessoa que acionou o sinalizador marítimo.
"Isso [a apresentação do menor] muda tudo. Segunda [hoje] vou apresentar um recurso para colocar em liberdade os 12 que estão presos", informou à Folha ontem Rubén Choque Aquino, que trabalha com o primo Freddy Marquez Choque e Jorge Flores na defesa dos brasileiros.
Os advogados já haviam entrado com recurso pedindo a liberação de dez brasileiros -só Cleuter Barreto Barros e Leandro Silva de Oliveira seriam mantidos, já que em suas mochilas foram encontrados sinalizadores com o mesmo número de série do que causou a morte de Kevin.
"Na terça-feira seria definida a data em que nosso recurso original seria apreciado", informou Rubén.
"Mas agora a situação processual pode mudar totalmente com a revelação desse menor que deve confessar."
Questionado sobre a situação do adolescente, o advogado lembrou que os conceitos de maioridade no Brasil e na Bolívia são distintos.
"Ele [jovem que vai confessar] ainda é considerado menor de idade no Brasil, mas na Bolívia, onde ele terá de se apresentar, já é tido como maior de idade, e pode pegar até 25 anos de prisão", disse.
No país andino, são considerados menores de idade aqueles que ainda não completaram 16 anos. Nesse caso, a pena máxima seria de apenas cinco anos de prisão.
Procurada ontem pela reportagem, a representante do Ministério Público Abigail Saba, que está à frente do caso, não havia se pronunciado até a conclusão desta edição sobre a revelação de que um menor confessará ter feito o disparo. Assim, não fica claro se com esse novo elemento a linha investigatória permanecerá a mesma.
O sargento Wilson Claros Reynaga, que participa da investigação, deu a entender que há espaço para novas evidências. "O inquérito não está fechado. A investigação está em sua etapa inicial. Estamos fazendo exames exaustivos para apontar o responsável pela morte", disse.
Anteontem, durante o enterro de Kevin em Cochabamba, a 210 km de Oruro, familiares do jovem afirmaram que desejam que a Justiça boliviana puna os culpados do episódio, e não a brasileira.