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Por que, Messi?

Avesso a entrevistas, argentino agora é bombardeado por perguntas que tentam decifrar se o melhor do mundo e seu Barcelona não são mais imbatíveis

MARCEL MERGUIZO ENVIADO ESPECIAL A BARCELONA

Chove em Barcelona. E Barcelona não gosta de chuva. Há dois dias chove sem parar, e os catalães reclamam. Não estão acostumados. Os turistas também não. Assim não é possível apreciar a beleza arquitetônica da cidade.

Perde o Barcelona. E o Barcelona não gosta de perder.

Há duas semanas perdem com apenas uma parada vitoriosa ante o Sevilla, e os catalães reclamam. Não estão acostumados. Os jornalistas também não. Pois assim não é possível apreciar os recordes e os gols de Lionel Messi.

Debaixo de chuva, o camisa 10 do Barça correu ontem. Treinou pela manhã. Correu para inaugurar sua própria galeria de arte, com bolas e chuteiras de ouro. Depois correu para um Audi, percorreu uma quadra e foi explicar o que acontece com o Barcelona.

Messi não gosta de dar entrevistas nem de falar em público, mesmo que seja no vestiário. Mas Messi precisava estar no compromisso publicitário da marca que fez de uma loja o museu temporário do argentino de 25 anos.

Na chuva, Messi não se molha. Não porque anda com seguranças ou por estar cercado de representantes na Espanha. O atacante de 1,69 m não se molha porque é rápido, inclusive nas respostas.

O argentino que deixou Rosário aos 13 anos para jogar no Barcelona não demora mais que um minuto para responder a qualquer pergunta.

Ontem, o que mais ouviu foi sobre como não transformar a garoa constante em tormenta. E a tempestade tem data para começar: terça, no Camp Nou, caso o Barça não reverta a desvantagem de 2 a 0 que o Milan abriu nas oitavas da Copa dos Campeões.

"Nós estamos conscientes das dificuldades, tivemos derrotas importantes e estamos conscientes de que precisamos criar um pouco mais para mudar essa situação. Temos uma partida importantíssima para reagir. Vamos fazer nosso melhor", afirmou.

Habilidoso e ágil com a bola, ele não repete os feitos com as palavras. E como não forja falta em campo também não foge de perguntas. Nem sobre o Real Madrid, já classificado na Copa dos Campeões e que bateu o Barça duas vezes nos últimos dias.

"Madrid está muito forte na Copa [do Rei]. Na Champions já está nas quartas. Sabíamos que quem passasse ia ser candidato a ganhar o título pela força dos dois times [o outro era o Manchester]."

E Cristiano Ronaldo, por que você é melhor? "É uma pergunta que tenho que escutar muitas vezes. Não jogo para ser melhor que ele, ou ele que eu. Mas para conseguir o maior número de títulos para o grupo. As comparações são coisas da mídia."

Os problemas de saúde do lateral Éric Abidal e do técnico Tito Vilanova afetaram o elenco? "Não." Os alemães estão bem na Champions? "Sim." O Porto pode ser campeão? "Sim." Tem dificuldade em enfrentar italianos? Está triste? Falta motivação? "Não, não e não." Claro, seguidos de breve explicação.

Em 35 minutos, somados os descontos dados ao mestre de cerimônia, o atacante ficou na defensiva. Abaixava a cabeça, olhava o relógio, mexia os dedos inquietamente.

Por quê? Se Messi acaba de se tornar o maior artilheiro em clássicos contra o Real, com 18 gols, ao lado de Di Stéfano, além de ter marcado nas últimas 16 rodadas do Espanhol, que o time lidera. Porque o Barça perdeu. De novo.

E os recordes, os títulos, os gols? As quatro Bolas de Ouro da Fifa estão ao alcance dos olhos de todos e ninguém pergunta algo para que ele estufe o peito e fale com orgulho enquanto chove lá fora?

A Copa é o único prêmio que ainda falta na sua carreira? Como você se imagina em 2014?, pergunta a Folha.

"O Mundial para qualquer jogador é o máximo, e pensamos nisso, em melhorar, conseguir fazer o possível. A Argentina está ficando forte como seleção. É o que queria o técnico [Alejandro Sabella] quando chegou. E como a maioria [dos convocados] é a mesma, acredito que o grupo vai ser forte daqui a pouco. Mas não penso em 2014."

Nestes tempos de chuva, Messi tem mais com o quese preocupar.


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