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Cafuné

Ordenha

CLARICE REICHSTUL COLUNISTA DA FOLHA

A Meia-Noite tem a pelagem nem clara nem escura, é meio a meio.

Parece que na fazenda todas as vacas tem nomes que começam com a letra "M": Madonna, Madame, Mascarada e a própria Meia-Noite.

Delas, a que tem o nome mais lindo, na minha modesta opinião, é a Lembrança. Não sei se o leite dela é o mais gostoso, porque eu não tomo leite, mas gosto de pensar que sim.

Ah! Tem também a Grã-Fina, vaca chique e célebre nos salões da alta sociedade do pastoreio.

De manhã cedinho, todo mundo vai em comitiva beber leite direto da vaca. Benja e Rebecca levam Nescau no fundo da caneca, a Ceci e a Vó só colocam açúcar e pronto.

Para tirar leite, você amarra a vaca lá no curral, senta-se num banquinho ao seu lado, bem em frente as tetas e começa a trabalhar. Com o polegar e o indicador, você prende a base da teta empurrando o leite para a ponta. Fica parecendo uma bexiguinha cheia de água. Com os outros dedos, vai espremendo a teta.

É meio complicado no começo, mas logo, logo pega-se o jeito. Quando acaba uma, você vai para outra. Pode esguichar o leite direto na caneca ou no balde. No fim das contas, a mão fica doendo, mas dá o maior orgulho de conseguir fazer a tarefa.

É como se a gente aprendesse algo primordial. Como se, depois disso, fosse quase impossível passar fome por inabilidade manual.


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