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Televisão

Documentário mostra dramas femininos

Filme de Nicholas Kristof, vencedor do prêmio Pulitzer, leva atrizes americanas a seis países hostis às mulheres

Pesquisa teve início em 1989, quando ele era correspondente em Pequim, na China, com a sua mulher Sheryl

FERNANDA REIS DE SÃO PAULO

Nicholas Kristof e sua mulher, Sheryl, eram correspondentes do jornal "New York Times" na China, em 1989. Após testemunhar o massacre da praça da Paz Celestial, em Pequim, o casal descobriu que a cada ano 40 mil mulheres chinesas morriam por não ter acesso a saúde e comida.

A informação lhes chocou. Por que a mídia dava tanto espaço para a morte de centenas de chineses, mas não falava nunca da falta de acesso das mulheres -não só da China, mas do mundo- a direitos básicos?

O questionamento deu origem a uma longa pesquisa sobre a situação de mulheres em diferentes países, que resultou no livro e, agora, no documentário "Half the Sky", exibido em duas partes pelo Discovery Home & Health.

O filme, com duração total de quatro horas, repassa a viagem de Kristof, acompanhado por seis atrizes, por seis países escolhidos pela alta repressão às mulheres.

VIAGEM

A jornada começa na Serra Leoa, onde Kristof e Eva Mendes conversam com Fulamatu, uma adolescente estuprada pelo tio e que o denunciou à polícia.

O homem é preso, mas, pouco tempo depois. solto. Fulamatu, por sua vez, é expulsa de casa pelo pai, que se sente envergonhado pela filha -num momento em que Kristof classificou como o mais duro de sua pesquisa.

Com Meg Ryan, Kristof vai ao Camboja falar do tráfico de mulheres. Com Diane Lane, na Somália, trata da mortalidade de mães no parto. Com America Ferrera, aborda a prostituição na Índia. A viagem termina com Olivia Wilde e Gabrielle Union, no Quênia e no Vietnã.

As histórias impressionam: no Camboja, uma menina conta como foi vendida para um bordel onde recebia mais de dez clientes por dia. Na Somália, acompanham uma mulher que mutila os órgãos genitais de meninas.

"É tradição, é difícil de mudar", ela argumenta, tentando justificar a prática. Ao que Kristof rebate: "Em geral, deve-se respeitar as culturas. Mas também acho que se deve respeitar o direito de uma criança de não ser mutilada. Nesse sentido, defendo o direito da criança".

MÍDIA

Para Kristof, vencedor do prêmio Pulitzer, os direitos das mulheres são pouco explorados pela mídia. "São coisas que tendemos a ignorar, porque existe a crença de que se algo está acontecendo sempre, não é notícia", disse em entrevista por telefone de Nova York à Folha.

"Mas acho que, quando deixamos passar essas questões, de certa forma, estamos perdendo a perspectiva histórica do nosso tempo."

O jornalista afirma que -em sua opinião- dar às mulheres educação, saúde e acesso ao mercado de trabalho é a melhor forma de solucionar problemas globais.

"Acredito que os países que se concentram em dar poder às mulheres desfrutam de um progresso significativo", afirma. "Por isso escrever esse livro nos pareceu o caminho correto a seguir."

Kristof pretende dar continuidade ao trabalho iniciado com a publicação, em 2009. "Estamos trabalhando em outro projeto, uma espécie de sequência, que será lançada em 2014 ou 2015, cujo foco será a América Latina", conta.


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