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Enrique Diaz encena solo em Curitiba

Depois de anos com a Cia. dos Atores, diretor e ator faz estreia nacional do monólogo "Cine Monstro Versão 1.0"

Sem data prevista para estrear em SP, peça com texto de Daniel MacIvor marca uma nova fase de sua carreira artística

GUSTAVO FIORATTI ENVIADO ESPECIAL A CURITIBA

Houve há poucos anos, dentro da Cia. dos Atores, uma crise administrativa e, mais recentemente, a sensação de estagnação.

Foi quando Enrique Diaz decidiu deixar o grupo, entidade fundamental na história do teatro brasileiro recente, cuja trajetória trouxe a público peças como "Ensaio.Hamlet" e "A Gaivota", adaptações para as obras de Shakespeare (1564-1616) e Tchékhov (1860-1904), respectivamente.

O grupo teve um tempo de vida "bem longo", afirma Diaz. Mas, havia anos, ele se sentia "pouco presente". "Foram questões internas", resume, no hall de um hotel no centro de Curitiba, em frente ao teatro Guairinha, onde apresentará hoje, como ator e diretor, o espetáculo "Cine Monstro Versão 1.0".

A peça é uma das estreias nacionais do Festival de Teatro de Curitiba, cuja programação prossegue até o dia 7. Ainda não há data prevista para estrear em palcos do Rio ou de São Paulo.

No intervalo entre os ensaios deste monólogo -que tem texto do canadense Daniel MacIvor-, o ator falou à Folha e aproveitou o tempo da entrevista para fazer uma refeição.

Eram 18h e ele passara o dia enfurnado numa sala de ensaio, sintonizando sua performance ao cenário concebido para receber projeções em vídeo.

No meio da instalação, Enrique Diaz assume personagens diversos, como crianças e velhos que circulam por um universo sádico.

"Há no texto um tipo de afeto que não se resolve. Afeto ruim, sabe?", resume, sem dar mais notas sobre uma possível sinopse. "É o tipo de crueldade que segura a atenção", diz o diretor.

Depois de falar sobre o espetáculo, a conversa sobre seus antigos parceiros de carreira é retomada.

"Passei um bom tempo acreditando que a companhia [dos Atores] não era mais aquela que eu havia proposto. Tentei lançar isso como questão, mas não avançou."

SOLO

Agora, o artista se dedica a uma espécie de carreira solo, escolhendo suas parcerias sem "constituir família".

"Aqueles vetores de grupo, a musicalidade coletiva, agora deram espaço a trabalhos para um, dois, três atores", diz. "Estar sozinho em cena faz com que eu me sinta livre hoje", completa Diaz.

Um de seus últimos trabalhos foi concebido em parceria com sua mulher, a atriz Mariana Lima, e com a atriz Drica Moraes. Elas estão no elenco da peça "A Primeira Vista", que entra em temporada no próximo dia 5 no Sesc Pompeia, em São Paulo.

O espetáculo, sobre o longevo relacionamento entre duas mulheres, cheio de encontros e desencontros, também segue texto de Daniel MacIvor, autor que Diaz elegeu para dar fôlego a seu momento solo.

DIÁLOGO COM MACIVOR

A primeira vez que o diretor encenou um texto do canadense foi em 2010, e "In on It" lhe rendeu o Prêmio Shell de melhor direção.

"Cine Monstro Versão 1.0" é um título de MacIvor de 1998, anterior aos outros dois encenados por Diaz.

A obra se desdobra em questões de metalinguagem, assim como "In on It", em que uma história é contada dentro de outra história, e os personagens dessas duas camadas, embora por um ou outro momento tenham trajetórias independentes, acabam entrelaçados.

Para Diaz, há outras questões que se repetem nas obras Daniel MacIvor.

"Existe sempre algo mal resolvido, que ficou para trás e que precisa ser analisado psicanaliticamente em um jogo com a plateia, que por sua vez se torna testemunha e cúmplice", explica.

"Há também uma estrutura cinematográfica na edição, e uma dramaturgia", completa Diaz, "que parte do cotidiano feito de coisas extremamente prosaicas."


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