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Crítica - Drama

Adaptação de romance de 1927 parece datada e não arrebata

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

A segunda adaptação de "Thérèse Desqueyroux", romance de 1927 do Nobel de Literatura de 1952, o francês François Mauriac (1885-1970), ressente-se do problema das críticas aos valores de uma época: ficar datadas.

A versão é o último trabalho do prestigiado Claude Miller (1942-2012), morto um mês antes da estreia do filme no encerramento do Festival de Cannes do ano passado.

Rebatizado "Therese D.", o filme relata os infortúnios de uma jovem (Audrey Tautou) num ambiente rural e retrógrado no final dos anos 1920. Depois de se casar com um homem de espírito conservador, ela tem de reprimir a vocação libertária e só encontra saída numa decisão extrema.

Neste universo de mentalidades restritas, a mulher fica reduzida à transmissão de propriedades pelo casamento e à geração de um herdeiro que, por sua vez, reproduzirá a lógica machista e patriarcal.

A primeira adaptação, de Georges Franju, cineasta influente e pouco conhecido, tirava sua força do isolamento da personagem vivida por Emmanuelle Riva (de "Amor").

A nova versão dispensa os recursos do cinema moderno de Franju e filma a paixão de Therese com um convencionalismo formal que a converte numa heroína sem nada de especial.

A sobriedade de Audrey Tautou torna-se, aos poucos, tediosa. Seu par, Gilles Lellouche, pode ter o físico apropriado para o papel de marido tacanho, mas nunca alcança a gravidade necessária a Bernard Desqueyroux.

Logo, o efeito equivale ao da leitura de um volume guardado há muito tempo numa estante. Podemos ler com reverência sem nunca experimentar arrebatamento.


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