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Ilustrada

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Tréplica

Sinceridade sobre peça foi respondida com intolerância

LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHA

O direito do contraditório. Hugo Possolo, encenador, autor, cenógrafo, figurinista e produtor do espetáculo "Parlapatões Revistam Angeli", inconformado com uma opinião sobre seu trabalho, lançou dardos contra ela que, além da legítima discordância, extrapolaram para um ataque à honra do crítico.

Acusado de, "distorcendo o que viu" e com "a ardilosa intenção de enganar o leitor", eu, um "professor ditatorial", teria feito um "grande esforço em desaprovar o espetáculo" em sua "estreia no Festival de Curitiba".

Tendo como princípio não responder aos artistas que queiram, com suas razões, discordar de minhas críticas, tenho que abrir uma exceção diante das aleivosias acima pronunciadas.

Como os leitores que recorrerem à "Ilustrada" do dia 30 de março poderão constatar, minha apreciação da encenação dos Parlapatões mirou no que esse grupo tão famoso produziu frente a uma encomenda do Festival, a de criar um espetáculo a partir da obra gráfica do genial Angeli.

Se é verdade que "o público aplaudiu de pé por longo tempo" o realizado, como evoca Possolo para advogar contra o meu desfavor à sua criação, tenho que esclarecer que não costumo moldar minha opinião pelos aplausos finais.

O hábito invariável do público, no Brasil, de levantar-se no fim de todos os espetáculos, torna esta atitude um índice pouco confiável de aferição e priva as verdadeiras obras-primas das merecidas ovações.

Possolo precisa optar se prefere uma crítica de arte que não seja baseada nos anseios de consumo, como sugere sua acusação à Folha de promover indevidamente uma avaliação dos espetáculos por "estrelinhas", ou se fica com o critério dos risos e palmas como uma prova de qualidade.

Houve, de fato, uma desatenção quando identifiquei Bibelô no palco. Ela foi facilitada pelo programa, que o incluía no rol das criaturas de Angeli a aparecerem em cena.

Mas, confundi-lo com uma das contrafações que reviviam os personagens das tiras favorece a tese que tentei defender. O contraste entre a potência dos desenhos do artista na forma gráfica e o que foi obtido como teatralidade é gritante.

Os Parlapatões são ótimos comediantes, e o fato de eu só agora ter escrito sobre um trabalho deles, em quase cinco anos de exercício na Folha, é uma infeliz coincidência, e não confirma o desconhecimento de sua contribuição.

Se o objetivo em Curitiba era apresentar um pouco mais do mesmo, as boas e vitoriosas palhaçadas de sempre, há que se reconhecer, como está apontado na crítica, que chegou-se lá.

Mas defendo o direito de opinar que o jogo tramado com Angeli não resultou em grande teatro, nem em grande comédia. E estranho que esta sinceridade tenha merecido em retribuição a intolerância e o achincalhe.


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