Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Sátira sobre Hitler vira fenômeno de vendas na Alemanha

Livro que imagina o líder nazista como um comediante vivendo na Berlim atual já vendeu mais de 500 mil cópias

Estilo literário do protagonista foi mimetizado a partir de sua autobiografia e monólogos gravados

AMANDA LUZ COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE BERLIM

O que aconteceria se Adolf Hitler acordasse hoje na multicultural Berlim, em um país sem soldados russos e chefiado por uma mulher?

Em seu livro de estreia, "Er Ist Wieder Da" (ele está de volta, em tradução livre), o escritor alemão Timur Vermes imaginou que o líder nazista teria sucesso como comediante.

Narrada em primeira pessoa, a história parte da premissa de que em vez de se suicidar, Hitler fica adormecido por 66 anos até acordar no centro da capital alemã.

Assim que desperta, o protagonista cai em vertigem com a nova realidade das ruas e, ao ler o jornal datado de 2011, desmaia apavorado.

Mais tarde, é convidado a participar de um programa de televisão comandado por uma apresentadora de ascendência turca e, confundido com um comediante profissional, se torna um sucesso instantâneo.

A sátira criada pelo jornalista e escritor alemão, de 46 anos, tem dividido críticos ao mesmo tempo em que lidera a lista dos best-sellers.

Com mais de 500 mil cópias vendidas desde setembro do ano passado, ele será traduzido em pelo menos 27 países, inclusive no Brasil (pela editora Intrínseca, ainda sem previsão de lançamento), e já teve os direitos vendidos para o cinema.

A fim de mimetizar o estilo da escrita de Hitler --"que é diferente da retórica e dos discursos dele"-- Vermes explicou em entrevista à Folha que se baseou no "Minha Luta", a autobiografia do nazista, e nos monólogos gravados no quartel-general do Führer.

"A princípio, prometia ser divertido e depois eu notei que poderia ter outras camadas para além da comédia."

Em uma das passagens do livro, o Hitler de Vermes aborda um grupo de garotos que jogam futebol, em busca de informação: "Ei, Juventude Hitler Ronaldo! Qual a rua mais próxima?", sem imaginar que os nomes nas camisas poderiam ser de um jogador de futebol e não de uma associação nazistas.

CRÍTICAS

As opiniões na imprensa alemã sobre o livro divergem quanto a ser politicamente correto ou engraçado falar do assunto ainda hoje.

"Uma sátira de sucesso e inquietante sobre um assassino em massa e os veículos de massa", resumiu o jornal "Hamburger Abendblatt", enquanto a revista "Der Spiegel" o classificou como um livro de piadas requentadas.

O jornal "Die Süddeutsche" chegou a questionar se o sucesso de público não reflete uma fixação por Hitler na Alemanha, que o texto chama de "hitleritis", seja usando a figura dele como personificação do mal ou como paródia em todo lugar, incluindo programas de TV e capas de revista. Timur rebate a ideia de obsessão por Hitler.

"Os alemães de hoje são inocentes, mas eles nasceram com uma herança de culpa. Eles podem não aceitar e tentar ignorar, mas eles têm que lidar com isso. Os alemães são obcecados pelo assunto tanto quanto todo mundo, mas também diferentemente de qualquer um", disse.

"Tomar o caminho do humor pode ser irritante para parte dos críticos, mas certamente não é para os leitores."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página