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Literatura inspira espetáculos de dança

Companhias criam coreografias baseadas em escritos de Guimarães Rosa, Adélia Prado e Mario Quintana

Em cartaz, 'Toro Negro' se vale de texto de Clarice Lispector e 'Cá Entre Nós' revive poeta Adélia Prado

KATIA CALSAVARA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Em tempos nos quais quase todas as linguagens artísticas se misturam, a dança não poderia ficar imune. A experimentação se faz cada vez mais presente nos palcos.

Se no passado a dança tinha como sua principal fonte de inspiração a música clássica, hoje ela dialoga com artes plásticas, cinema, tecnologia e, é claro, literatura.

Coreografias que se baseiam em obras literárias ou buscam inspirações nelas estão em cartaz em São Paulo.

O pequeno texto "Espanha", de Clarice Lispector, serviu de inspiração para o espetáculo de flamenco "Toro Negro", dirigido por Débora Dubois. "Cá Entre Nós", solo de Jussara Miller sobre os escritos da poeta Adélia Prado, será encenado a partir de amanhã, na Galeria Olido.

Em maio, é a vez de "Rútilo Nada", projeto de Wellington Duarte sobre a obra de Hilda Hilst.

Carolina Zanforlin, criadora de "Toro Negro", teve certeza de que queria montar "Espanha" desde que o leu pela primeira vez. "É impossível ler e não visualizar aquelas palavras. O texto foi feito para ser dançado."

Há 20 anos, a bailarina Jussara Miller pesquisa as conexões entre dança e literatura. "O principal desafio é manter uma coerência entre o universo poético do autor e meu próprio universo de sensibilidades enquanto criadora."

Para o bailarino Jerônimo Bittencourt, do Coletivo Baú, os versos de Hilst e Quintana são capazes de "passear pelas entranhas". "Quis experimentar em cena a sensação de deslocamento que essas obras provocam", diz.

Além destes, dois outros espetáculos montados em março mostraram o poder das palavras em suas criações --"Pó de Nuvens", inspirado na obra de Guimarães Rosa, interpretado pela companhia 1º Ato, e "O Que Não Cabe na Dança?", do Coletivo Baú, baseado em Hilda Hilst e Mario Quintana.

SENSAÇÕES

"Nosso interesse não é o de reconstruir uma narrativa e sim traduzir em sensações e emoções o modo como uma obra pode nos atingir", diz Suely Machado, diretora da 1º Ato.

Em "Pó de Nuvens", os bailarinos vivenciam sensações presentes em contos do livro "Primeiras Estórias", como "A Terceira Margem do Rio" e "Famigerado", e no clássico "Grande Sertão: Veredas".

Segundo Michael Bugdahn, um dos coreógrafos do espetáculo, na obra de Rosa a noção de personagem fica evidente. "Isso nos permite deixar a linguagem da dança mais concreta e acessível."

Diretor da companhia À Fleur de Peau em parceria com a brasileira Denise Namura, Bugdahn afirma que não há interesse em reproduzir em movimentos a mesma história do livro. "A dança é capaz de traduzir coisas que estão além das palavras", diz.


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