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Obra de Tennessee será revista em nova biografia

Recusa às últimas peças do dramaturgo são 'clichês sem sentido', diz autor

Livro a ser publicado nos EUA em 2014 promete releitura da infância do escritor;

DE SÃO PAULO

Como bem recorda o prefácio de John Bak para sua biografia "Tennessee Williams, A Literary Life", o dramaturgo norte-americano declarou repetidas vezes durante sua carreira: quem quisesse saber mais sobre sua vida deveria, antes, ler suas peças.

Não é uma frase gratuita, principalmente porque muitas das histórias criadas por Williams surgiram de suas memórias, com traços autobiográficos --especialmente nos aspectos emocionais.

Na entrevista que deu à revista "The Paris Review" em 1981, por exemplo, Williams relata que a criação de Blanche, a protagonista de "Um Bonde Chamado Desejo", está intimamente ligada à figura de sua irmã mais velha, Rose, que foi diagnosticada como esquizofrênica e passou boa parte de sua vida internada em um manicômio.

É sob esta ótica que o crítico de teatro da revista "The New Yorker", John Lahr, concebe agora sua nova biografia, a mais esperada obra sobre Tennessee Williams dos últimos dez anos, a ser publicada nos EUA pela editora Norton no ano que vem.

"Tennessee Williams: Mad Pilgrimage of the Flesh" começa na noite de estreia de "The Glass Menagerie" (1944), primeiro sucesso do autor, e vai até a sua morte.

A importância do livro reside, ainda, na relação com uma obra incompleta, "Tom - The Unknown Tennessee Williams", escrita pelo biógrafo oficial de Williams, Lyle Leverich. Ele morreu em 1999 aos 79 anos, antes de finalizar o trabalho, mas deixou a Lahr em testamento seu material, incluindo 70 fitas com depoimentos do autor.

O livro de Lahr inicialmente foi concebido como continuação da obra de Leverich, mas tomou outro rumo e será lançado como obra completamente independente.

"Lyle não tinha um ponto de vista sobre as peças e não era historiador teatral", explica Lahr, ao justificar a ruptura. "Ele também não pensava psicologicamente. Estava pescando anedotas, e eu só me interesso por anedotas se elas estiverem a serviço de uma grande ideia."

Para ele, "o clichê de que Williams não escreveu nada [de relevante] depois dos anos 1960 não faz sentido".

A peça "The Gnadiges Fraulein" (1965), inserção no teatro do absurdo, "é hilária e comovente", diz; "Clothes for a Summer Hotel" (1980) e "A House Not Meant to Stand" (1982) "são coerentes, além de poderosos testamentos do íntimo de Williams".

Lahr traz ainda em um novo ponto de vista sobre a infância do dramaturgo. Discorda, por exemplo, da análise que Leverich faz sobre a hostilidade de Edwina, mãe de Williams, uma mulher rigorosa, religiosa.

"Embora fosse uma mãe dedicada, não era maternal e não enxergava seu filho, enxergava o que ela queria que seu filho se tornasse", diz.

"Acho que ele [Leverich] não compreendeu o impacto da personalidade dela em Williams." É um ponto importante para a compreensão da obra de Williams, sobre o qual ele escreveu em peças e cartas.


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