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Canções de Lupicínio Rodrigues dão origem a peça sobre paixões

'Vingança' costura músicas como 'Felicidade' e 'Cadeira Vazia'

DE SÃO PAULO

Enquanto escrevia "Vingança", peça baseada em canções e textos de Lupicínio Rodrigues (1914-1974), a dramaturga Anna Toledo encontrou dois temas opostos e complementares: de um lado, as tradições familiares, do outro, a vida boêmia.

O espetáculo, que estreia no Centro Cultural Banco do Brasil, não é uma peça biográfica, explica a autora. Trata-se mais de uma livre criação amparada pelo pensamento de um compositor que, em sua obra, dedicou-se sobretudo a retratar as paixões e as dores de cotovelo.

Três triângulos amorosos se formam durante a peça. No centro da ação, duas irmãs entram em conflito, após descobrirem que uma delas é amante do marido da outra.

O caldo engrossa com o ambiente machista e moralista que as cerca, tendo como pano de fundo o Sul do país dos anos 1950 --com figurinos de Fábio Namatame.

Em tom de melodrama, a narrativa vai sendo costurada por canções como "Vingança", "Cadeira Vazia", "Felicidade", "Ela Disse-me Assim", "Nervos de aço" e "Se Acaso Você Chegasse".

Uma das irmãs é interpretada pela própria autora da peça. Além de atriz, Toledo é cantora profissional, com três discos gravados --nos dois últimos há canções de Lupicínio. "Minha relação com ele é antiga. Ele é um compositor que possibilita ao ator dissolver-se em suas canções."

Além das inserções musicais, há trechos de textos escritos por Lupicínio para jornais, encaixados às falas dos personagens. Entre eles, está um dos aforismas mais conhecidos do compositor: "Tive mulheres que me fizeram bem e mulheres que me fizeram mal. As que me fizeram bem, eu esqueci."

Há também apropriação de expressões pinçadas em entrevistas, como "mulheres livres", que qualificava um tipo de mulher que convivia com os homens nos bares.

"Acho interessante como nesta expressão ele subverte o conceito de liberdade", diz Toledo, referindo-se ao sarcasmo de Lupicínio, em doses de humor que roçam uma cultura machista.

Com direção de André Dias, a peça também se aproxima do universo de Nelson Rodrigues, especialmente pelas reviravoltas e pelos personagens em crise com suas próprias questões morais. "Os dois são contemporâneos e têm muitos traços em comum", diz Toledo.


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