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Crítica - Biografia

Sem ser caça-níqueis, longa mostra aura humana de ídolo

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Representar a trajetória de um ídolo de proporções tão messiânicas quanto Renato Russo exige enorme cautela para atender a expectativa dos fãs. O efeito colateral ao excesso de reverência pode vir na forma de rejeição, quando o público compara o que vê na tela com o que já sabe.

"Somos Tão Jovens" corre muito esse risco ao reapresentar a gênese de um dos maiores fenômenos culturais da geração que encontrou no rock brasileiro dos anos 1980 uma voz e uma bandeira.

O filme reconstitui a trajetória de Renato Russo desde 1976, quando descobre o punk.

Antes garoto isolado, ele encontra sua turma, se extravia e, finalmente, compõe uma sucessão de hits cujas letras comoveram quem foi jovem há três décadas e ainda expressam os sentimentos dos que chegaram depois.

Por si só, o tema pareceria infalível para produzir um sucesso comercial garantido. Porém, é fundamental que a combinação dos ingredientes produza combustão.

A escolha de Thiago Mendonça para encarnar Renato Russo parece, entre todas, a mais acertada. Por mais que haja semelhanças físicas e vocais entre protagonista e personagem, o que vemos é um ator inventivo, não alguém acreditando ser a reencarnação de uma alma penada.

Usá-lo como vocalista também dá muito certo, pois ele assume o lugar do espectador. Isso ajuda muito o filme a decolar enquanto ficção, liberando-o da necessidade de ser "baseado em fatos reais".

Depois de uma primeira parte enfadonha, na qual a reconstituição da adolescência de Renato se faz em cenas com slogans ingênuos, o filme ganha sentido quando deixa de querer reconstituir tudo.

Um encontro, uma perda, um desajuste são suficientes para tirar o ídolo das alturas. Na medida em que mostra a aura de Russo feita de contornos humanos, com falhas comuns, "Somos Tão Jovens" deixa de ser um caça-níqueis e ajuda a entender como o mal-estar de um pôde trazer à tona os sentimentos de uma legião.


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