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'Éramos chiques e irresistíveis', diz baterista

FÊ LEMOS ESPECIAL PARA A FOLHA

Como eu conheci o Renato muitos já sabem, a história de eu ir de penetra numa festa, descobrir uns LPs de punk, e, incrédulo, perguntar aos convidados de quem eram aqueles discos.

A amizade foi instantânea, algo comum quando conhecíamos alguém com alguma afinidade numa cidade pouco favorável à encontros inesperados.

Em 1978 Renato passou a ir à Colina, residência dos primeiros professores da UnB, a Universidade de Brasília, praticamente toda noite. Lá havia grande concentração de informação, liberdade e bons discos.

Em 1980 o Aborto Elétrico e outras bandas começaram a fazer barulho pelas esquinas (?) da cidade.

Alguns incautos eram atraídos pela atitude, pelo som, e passavam a nos seguir. Tornavam-se amigos e formavam outras bandas.

Nossas festas e shows atraíam mais pessoas, que passavam a adotar nossa música como sua música, inventavam um estilo próprio de se vestir e descobriam o punk e a new wave.

Trazíamos modernidade para uma cidade destituída de referências. Éramos chiques e despreocupados num mar de burocratas e playboys. E irresistíveis!


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