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Quadrinhos de 'O Pintinho' são reunidos em coletânea

Livro com histórias criadas originalmente na internet é lançado hoje em SP

Rede impulsionou tiras feitas no Paint, motivadas pelo nascimento do filho de Alexandra Moraes

ROGÉRIO ORTEGA DE SÃO PAULO

Dizia um velho político brasileiro que intimidade só produz "aborrecimentos e filhos" --não se sabe se necessariamente nessa ordem. É de esperar, portanto, que a experiência íntima da maternidade produza as duas coisas.

Menos previsível é que filhos e aborrecimentos sejam --pelo menos para quem assiste a tudo de fora-- tão divertidos quanto nas tiras da jornalista Alexandra Moraes, 31, editora-adjunta da "Ilustrada" e mãe de Benjamin, 5.

Em 2009, ainda sob o impacto da maternidade recente, Alexandra passou a publicar as histórias dos embates entre um pintinho insolente e sua mãe indolente na internet e, a partir de 2011, nos cadernos "Ilustríssima", "Comida" e "Eleições 2012", da Folha.

Dessas tiras, 80 foram agora reunidas em coletânea pela editora Lote 42.

Embora motivada pelo nascimento do filho, Alexandra considera que os dois principais personagens da tira são ela mesma em situações diferentes, "a de mãe e a de civil".

"O que os personagens vocalizam são os embates entre esses dois mundos, de filho e mãe, de Alexandra jovem e velha", avalia a jornalista.

"Às vezes não há como não ter arroubos de pintinho. Mas isso toma a forma de caricatura na medida em que os problemas da vida adulta engrossam, o que acontece em velocidade maior quando uma criança depende de você."

"Por outro lado", pondera a cartunista, "essa tendência de resumir tudo a pia suja e conta vencida nos embrutece além do necessário. Para mim, é proveitoso deixar o pintinho falar de vez em quando."

A autora acredita que retirar as tiras do "lodaçal" da web e publicá-las em livro não muda o conteúdo do trabalho, mas permite reavaliá-lo. E diz concordar com Arnaldo Branco --autor do prefácio, também cartunista e também revelado pela internet-- sobre o papel da rede na supressão de "atravessadores" entre a produção e o consumo do humor.

Numa época em que o cartunista tinha de passar pelo crivo de diretores de arte, diz o prefaciador, não haveria espaço para uma tira tecnicamente simples como "O Pintinho" (feita com o programa Paint), mas na qual "a ideia é mais poderosa que o traço".

"Se não ganhamos rios de dinheiro [na internet ou fora], pelo menos agora o que fazemos tem lugar e chega a muita gente", diz Alexandra.


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