Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Ilustrador americano faz ode à liberdade

Em "A Parte que Falta", que sai no Brasil, Shel Silverstein retrata busca pela completude

FRANCISCO QUINTEIRO PIRES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Em maio de 1976, os fãs do ilustrador americano Shel Silverstein esperavam ansiosos a publicação de "A Parte que Falta". A expectativa logo se transformou em choque.

"Os pais que dois anos antes compraram Where the Sidewalk Ends' se perturbaram com o conteúdo do novo livro", diz Lisa Rogak, biógrafa do autor.

As ilustrações e os poemas de "Where the Sidewalk Ends" (1974) abordam situações comuns da infância sob um prisma cômico e surreal.

"A Parte que Falta", publicado recentemente pela Cosac Naify e sexto livro de Shel Silverstein (1930-1999) lançado no Brasil, narra a história de um ser circular em busca da completude. Quando o personagem acha a parte que lhe falta, percebe que a felicidade está além desse encontro.

"Esse é um dos livros mais negligenciados de Silverstein", afirma Rogak, autora de "A Boy Named Shel".

"Eu poderia ter finalizado a obra naquele ponto", disse Silverstein à biógrafa para explicar a passagem em que o ser com formato de pizza conhece a sua companheira. "Mas a procura continua e essa é a loucura do livro."

Os leitores costumam investigar "os significados ocultos" das obras de Silverstein, segundo Rogak. "Essa atitude o frustrava. Ele queria apenas contar histórias."

O ilustrador percebeu nesse esforço um desejo por certeza. Para a biógrafa, "A Parte que Falta" representa uma ode à liberdade individual.

A autonomia para expressar a própria essência gerou uma continuação cinco anos depois. "The Missing Piece Meets the Big O" (1981), que a Cosac Naify vai publicar em 2014, expõe uma trajetória semelhante de desencontros.

"Silverstein ia na contramão", diz Rogak. Ele se criou entre dois movimentos de contestação. "Os beatniks e os hippies foram suas companhias tanto em Nova York quanto em São Francisco."

O ilustrador não perdoou os indivíduos professorais. A seu ver, não havia diferença entre a arrogância de quem era contrário ou favorável ao establishment. "Ele fez piada com os pontos fracos dos descolados e dos caretas", afirma Mitch Myers, sobrinho e administrador do seu acervo.

Silverstein estreou como autor infantil com "Leocádio, o Leão que Mandava Bala" (1963). Teve o apoio de Ursula Nordstrom (1910-1988), editora da extinta Harper & Row. Nordstrom declarou ser sua missão publicar "bons livros para crianças más".

Ao rejeitar a necessidade de lições de moral, ela fez sucesso. Mais de 20 milhões de cópias dos livros de Silverstein foram vendidos.

Antes de 1963, ele ganhara destaque com cartuns para a "Playboy". Ao longo da carreira, escreveu roteiros, peças teatrais e composições, como "A Boy Named Sue", hit do cantor Johnny Cash.

"Silverstein era mais interessado na diversidade criativa do que outros autores infantis", diz Rogak.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página