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Com intrincado drama familiar, 'Le Passé' é aplaudido em Cannes

Filme de Asghar Farhadi trata do fim do amor e das mentiras guardadas por razões corretas

Para alcançar realismo, longa foi todo rodado em Paris, onde elenco ensaiou por dois meses antes das filmagens

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Há diversas "primeiras vezes" em "Le Passé" (o passado), do iraniano Asghar Farhadi, 41. A exibição do drama foi a estreia do cineasta na competição oficial pela Palma de Ouro, em Cannes. É seu primeiro filme depois de ganhar o Oscar de melhor filme estrangeiro por "A Separação", no ano passado.

E mais importante: é o primeiro trabalho do diretor fora do Irã --neste caso, a produção foi inteiramente rodada em Paris. As mudanças dos últimos dois anos, no entanto, não afetaram Farhadi.

"Posso filmar fora por anos, mas sou iraniano e não mudo meu estilo de trabalho. Se Gabriel García Márquez fosse escrever um livro em outro país, deixaria de ser colombiano?", questiona o diretor, que recebeu várias ofertas de trabalho de Hollywood após o prêmio da Academia.

"Houve uma fase maluca após o Oscar, mas quando precisava escolher algo que definiria meu futuro, me perguntava se queria virar um técnico carregando filme dos outros. Prefiro escrever meus projetos e quando tiver uma história passada nos Estados Unidos, sem problemas. Há coisas boas e ruins em Hollywood."

Se depender de "Le Passé" e da recepção em Cannes, o assédio deve aumentar.

Farhadi tece uma intricada teia de relacionamentos com tantas reviravoltas que mais parece um M. Night Shyamalan ("O Sexto Sentido") do drama, no bom sentido da comparação.

Aplaudido na sessão de imprensa, o filme é mais ambicioso que "A Separação", apesar de trabalhar com os mesmos elementos, como o fim do amor em uma relação e as mentiras que guardamos pelas razões corretas.

A trama acompanha Ahmad (Ali Mosaffa), iraniano que, após morar em Teerã por quatro anos, retorna para Paris depois do pedido da ex-mulher, Marie (Bérénice Bejo), para assinar o divórcio.

Sem saber que ela já está morando com outro (Tahar Rahim) e com os filhos (nenhum de Ahmad), ele precisa lidar não apenas com a separação, mas com os problemas emocionais daquela família.

Para alcançar o realismo em "Le Passé", o elenco ensaiou por dois meses em Paris e filmou por mais quatro semanas com uma equipe de franceses e iranianos.

"Chegou uma hora em que a voz do intérprete virou a de Asghar", brinca Bérénice. "Mas esse período foi essencial, porque sabíamos todas as respostas antes de rodar. Eu só precisava me preocupar em falar os diálogos."

Nesses diálogos, Farhadi esconde sutilezas e desvios de personalidade que culminam nos personagens lidando com o passado, cada um de sua maneira e tragédia.

"O filme fala sobre como precisamos aceitar a verdade do passado e nos desculpar", diz o diretor, que teve sua nova produção liberada pelo governo iraniano sem dificuldades depois do sucesso de "A Separação".


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