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Crítica - Drama

Diretor segue receita de sucesso, mas resultado é muito inferior

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No segundo dia do Festival de Cannes, o iraniano Asghar Farhadi, serviu um prato que segue fielmente a receita de seus filmes anteriores --sem se propor qualquer desafio, qualquer risco.

Em "Le Passé" (o passado), Fahradi convida o espectador a acompanhar, novamente, um drama familiar íntimo cuja engrenagem às vezes parece a de um filme de suspense.

O roteiro é todo construído a partir de mistérios, de coisas não ditas, pequenos fatos que são omitidos, ora de um personagem, ora de outro, ora do próprio espectador.

Fahradi trocou o Irã pela França, mas segue explorando os relacionamentos marcados pela hipocrisia e pela omissão. O problema, no entanto, continua o mesmo de "A Separação", o filme que lhe consagrou.

A aparente complexidade da trama está a serviço de uma estrutura excessivamente artificial, em que a suposta profundidade dos personagens, na verdade, se baseia em contradições que foram plantadas para fazer a história andar, e jamais pelo bem do próprio personagem.

Em "A Separação", essa artificialidade era ardilosa, porém mais sólida, e contava, sobretudo, com ótimos atores.

Em "Le Passé", toda a estrutura é bem mais frágil, com reviravoltas forçadas --principalmente a grande virada final-- e personagens sem nuances, como a filha deprimida e o ex-marido, defendidos por atores monocórdios.

Farhadi, enfim, permanece no terreno seguro dos dramas familiares, o que garantiu ao filme aplausos fortes e deve se reverter em alguma forma de premiação.


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