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Sob vaias, japonês leva ação a Cannes

"Wara No Tate", do diretor de filmes violentos como "Ichi The Killer", foi o primeiro longa execrado na competição

Cineasta adaptou livro sobre policiais que transportam o assassino de uma garotinha para Tóquio

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANNES

O Festival de Cannes não costuma abrir a competição principal para filmes de ação. Talvez por isso a curiosidade em torno de "Wara No Tate" (escudo de palha, em tradução livre), novo longa de Takashi Miike, responsável pelos ultraviolentos "Ichi The Killer" e "13 Assassinos", que foi exibido no evento ontem.

Após a sessão, contudo, a decepção pelo fato de o japonês ter dirigido um filme pipoca que parece uma mistura nipônica do faroeste "Os Indomáveis" (2007) com o suspense "O Preço de um Resgate" (1996) se traduziu em vaias ""as primeiras para um filme que compete na mostra principal em Cannes neste ano.

A intenção de Miike parece ter sido a melhor possível. "Eu acho que o cinema japonês perdeu a capacidade de fazer cenas espetaculares, então decidi me desafiar a fazer um filme de ação", declarou o japonês em entrevista para a imprensa mundial.

Entretanto, "Wara No Tate" mostra que a falta de costume de Miike em lidar com uma espécie de blockbuster menos sádico do que suas obras cobrou um preço.

O filme é uma tentativa de épico policial baseada no livro de Kazuhiro Kiuchi, sobre policiais transportando o assassino de uma garotinha para Tóquio. Eles precisam lidar com o fato de o avô da menina ter oferecido US$ 10 milhões (cerca de R$ 20 milhões) a quem matar o criminoso.

A premissa serve de deixa para uma boa cena de ação logo no início do filme, quando um motorista dirigindo um caminhão cheio de nitroglicerina ataca o comboio da polícia em uma estrada.

"Quando li essa cena no livro, eu já sabia que seria impossível filmá-la no Japão, porque nunca me deixariam fechar uma rodovia e colocar tantos carros de polícia nela", disse Miike, que levou parte da produção para Taiwan, onde filmou a explosão de veículos e uma perseguição em um trem-bala.

"Por sorte, eles usam os mesmos trens que temos no Japão", brincou o cineasta. A sucessão de situações implausíveis, porém, transformou o roteiro em um arremedo de filme B americano. Nem sempre as vaias em Cannes são merecidas. Neste caso, parece difícil argumentar contra elas.

COMPETIÇÃO

A seleção oficial do Festival de Cannes deste ano tem 20 filmes --a lista inclui cineastas renomados como o iraniano Asghar Farhadi, o japonês Hirokazu Kore-Eda e o francês François Ozon.

Dos dez filmes exibidos até agora na mostra competitiva, dois já despontam como fortes candidatos à Palma de Ouro: "Inside Llewyn Davis", dos irmãos Coen, e "A Touch of Sin", do chinês Jia Zhang-ke.

Resta saber se eles serão páreos para os longas de outros cineastas de peso (ainda não exibidos), como Roman Polanski, Jim Jarmusch, James Gray e Alexander Payne.


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