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Crítica - Drama
Peça "Camille e Rodin" faz um retrato raso e genérico de conturbada relação
LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHADrama biográfico, o espetáculo "Camille e Rodin" foca a conturbada história dos artistas franceses Auguste Rodin (1840-1917) e Camille Claudel (1864-1943).
A tentativa do dramaturgo paulistano Franz Keppler --de mirar a complexa relação amorosa de dois gênios da escultura moderna, em que o mestre acaba por sufocar a aprendiz-- não vingou dramaticamente.
Ao abarcar quase 30 anos da vida de Camille, entre sua aceitação como assistente no ateliê de Rodin e o momento em que ela foi internada em um sanatório por causa da esquizofrenia, em 1913, a peça mantém-se apenas na superfície, como uma reportagem de celebridades.
A trama começa pelo fim e vai-se recompondo com os seus episódios mais marcantes. Os personagens aparecem aplainados nesses saltos temporais, sem a chance de se revelarem com a verticalidade que, talvez, alcançassem se contidos em algum momento crucial de suas trajetórias.
A direção de Elias Andreato usa um cenário suntuoso, mas genérico, que justapõe o ateliê de Rodin ao hospício em que Camille foi internada.
O que poderia ser uma saída sintética e eficaz para fazer a cena flutuar entre espaços e tempos distintos resulta em um repertório de soluções e movimentos repetitivos e colabora para achatar a narrativa.
Trechos musicais açucarados não conseguem suprir o baixo impacto que a falta de modulação emocional dos intérpretes provoca.
Leopoldo Pacheco --como um sóbrio Rodin-- e Melissa Vettore --como uma histérica Camille-- contribuem com a indiferenciação das cenas.
Ambos trabalham em um mesmo registro, variando apenas a intensidade. Um único achado interessante nas interpretações --a torção quase coreográfica dos corpos, a aproximá-los das esculturas dos criadores biografados-- logo se exaure e se soma às outras redundâncias da peça.
Para se conhecer a história desse casal infeliz, há um ótimo filme e várias biografias publicadas.
Como experiência teatral, esta "Camille e Rodin" não passa de uma realização mediana.