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Cannes vaia retorno da dupla de "Drive"

Diretor Nicolas Winding Refn escala Ryan Gosling em "Only God Forgives", filme violento sobre vingança familiar

Cineasta dinamarquês transforma trama policial de ação em uma jornada de busca espiritual na Tailândia

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Apesar da presença de Roman Polanski, os irmãos Coen e Jim Jarmusch em Cannes neste ano, o burburinho em torno de "Only God Forgives", de Nicolas Winding Refn, lembrou quando os Strokes iam lançar o segundo disco após o primeiro virar um clássico.

A expectativa tinha uma certa lógica. Refn ganhou o prêmio de melhor diretor em Cannes, há dois anos, por "Drive", um filme que mostrou que ação não obrigatoriamente combina com bobagens explosivas e transformou Ryan Gosling no ator mais "quente" do momento.

Mas o que se viu em Cannes ontem foi uma das vaias mais explosivas do festival. "Only God Forgives" promete muito e não entrega nada: Gosling interpreta (ou algo assim) um americano dono de academia de boxe tailandês em Bancoc que precisa vingar a morte do irmão para satisfazer a mãe (Kristin Scott Thomas, a melhor do filme), uma gângster.

A ideia de Refn era fazer um filme de ação mais tradicional quando escreveu o roteiro, antes mesmo de preparar "Drive". Mas, depois de passar um tempo com a família na Tailândia, entrou numa paranoia espiritual que transformou a trama "na luta de um homem contra Deus."

Não há, porém, muita luta. Apesar de algumas sequências violentas, a única cena de ação é quando o personagem de Gosling é massacrado pelo policial Chang (Vithaya Pansringarm), que seria o principal responsável pela morte do irmão.

"Não sou fã de filmes de pancadaria, mas estava passando por um período existencialista com a gravidez da minha mulher, que teve nossa segunda filha. Estava raivoso e agressivo sem explicação. Achei que era culpa de Deus. Como não conseguia canalizar esses sentimentos, fiz o filme", conta o dinamarquês.

A analogia de um homem percorrendo inferno e purgatório em busca do criador (sua mãe) é de uma inocência surpreendente. O vazio da obra torna-se mais evidente por seus recursos visuais, como cores representando cada estágio da jornada, e a falta de diálogo.

"É a jornada de um homem que não sabe para onde está indo, como um sonâmbulo, destinado a se mover, mas sem saber para onde", diz o diretor, que foi além para falar de sua inspiração espiritual.

"Minha filha tem a habilidade de ver fantasmas", falou Refn, que irá dirigir "Barbarella" como minissérie. "Ela tem dois anos, nos acordava todas as noites apontando para o canto da porta e falando não'", conta.

"Se fosse nos Estados Unidos e falasse isso para alguém, eu seria internado. Mas liguei para o gerente de produção local e ele trouxe um xamã para limpar o apartamento. Esse tipo de espiritualidade é comum na Ásia."

Da próxima vez, melhor fazer um filme de terror.


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