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Crítica - Drama

Franco-árabe faz belo longa de amor com tintas políticas

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Abdellatif Kechiche foi o primeiro cineasta francês de origem não francesa (no caso, tunisiana) que conseguiu frequentar os grandes festivais europeus. O surgimento de seu nome teve um significado antes de tudo político --e bastante revelador de como o quadro do cinema francês era fechado para determinado aspecto do país (a França dos imigrantes).

Os filmes de Kechiche sempre tiveram forte conotação política e refletiram sobre a questão das diferenças raciais na França. Quando ele anunciou o projeto de adaptar uma história em quadrinhos, imaginou-se uma possível virada radical em sua carreira, mas agora que "La Vie d'Adèle "" Chapitres 1 & 2" ganhou sua primeira exibição, na competição de Cannes, está bem claro que não.

Kechiche é dono de estilo bem demarcado. No centro de seu cinema está o ator. A câmera está quase sempre próxima dos rostos, e os planos são suficientemente longos para que a emoção possa aflorar com naturalidade. Em "La Vie d'Adèle", nada muda nesse sentido.

O filme acompanha o despertar sexual de uma jovem quando ela se apaixona por outra mulher e segue até os primeiros anos de sua afirmação, tanto do ponto de vista da identidade sexual como da carreira (é professora).

O foco político se transferiu das questões raciais para a sexualidade --e o momento não poderia ser mais oportuno, agora que a França aprovou o casamento gay, em meio a turbulentos protestos dos setores mais conservadores. As ótimas cenas de sexo são de uma franqueza rara no cinema contemporâneo.

A opção de Kechiche pela câmera próxima de seus atores é responsável pela força e também pela fraqueza do filme, que, em alguns momentos, fica claustrofóbico. Ainda assim, "La Vie d'Adèle" foi das coisas mais fortes vistas na competição até agora, e não será surpresa se as protagonistas Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux dividirem o prêmio de melhor atriz.


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