Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Cinema

"Nebraska" antecipa corrida pelo Oscar

Filme de Alexander Payne que trata com humor de relação entre pai e filho foi aplaudido três vezes em Cannes

Gravado no Estado natal do cineasta de "Os Descendentes", longa aborda efeitos da crise no interior dos EUA

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANNES

Ainda estamos longe da temporada de prognósticos sobre quem deve levar indicações ao Oscar, mas Alexander Payne e seu "Nebraska" decidiram adiantar a corrida pelo prêmio mais popular do cinema mundial. Em sua primeira exibição, ontem, no Festival de Cannes, o longa foi aplaudido três vezes.

Payne, que já possui duas estatuetas pelos roteiros adaptados de "Sideways" (2004) e "Os Descendentes" (2011), agora dirige um texto original de Bob Nelson sobre Woody, um idoso alcoólatra (Bruce Dern) que fica obcecado com a ideia de viajar para Omaha, maior cidade do Estado de Nebraska, e recolher um prêmio de US$ 1 milhão que pode nem existir.

Sem conseguir demover o pai do projeto, David (Will Forte, do "Saturday Night Live"), um vendedor de aparelhos de som, decide levá-lo nessa peregrinação para provar que o prêmio não passa de um embuste.

Em uma espécie de "Uma História Real" (1999) protagonizado por um idoso mais encrenqueiro, Payne aproveita para falar com um humor melancólico não apenas sobre a relação entre pai e filho mas também sobre como a crise financeira afeta o interior dos EUA e os próprios ideais do "sonho americano".

"Não era minha intenção [tecer um painel social]. Mas quando filmamos, havia casas com placas de vende-se'. Adicionamos outras. Foi uma combinação de decretos divinos e intenções da nossa parte", afirma o cineasta.

"Eu recebi o roteiro nove anos atrás, quando a situação econômica era outra. Naquele momento, eu estava cansado de dirigir dentro de um carro", brinca o diretor, em referência às filmagens do road movie "Sideways".

"Vejo Nebraska' como um filme da era da depressão e, por isso, escolhi exibi-lo em preto e branco", conta o cineasta, que filmou em cores para não prejudicar contratos com canais de televisão (que costumam torcer o nariz para longas em preto e branco).

Payne concluiu a produção do longa na semana passada, mas há algum tempo a imprensa americana celebra a atuação de Bruce Dern.

Escanteado nos últimos tempos, o veterano de 76 anos, indicado ao Oscar por "Amargo Regresso", mas conhecido mesmo por papéis de assassino nos anos 1960 e 1970, virou o alvo dos holofotes.

"Quando li o roteiro, sabia que precisava correr atrás do papel", conta Dern. "Ao terminar de filmar, notei algo engraçado. Não era próximo do meu pai, mas acabei encontrando outro no set: Alexander, que me pressionou até o limite e depois me carregou no colo. É um gênio."

ESTADO NATAL

Em seu primeiro projeto depois de "Os Descendentes", que concorreu a cinco Oscar no ano passado, inclusive o de melhor filme, Payne volta ao seu Estado natal, o que foi essencial para que topasse dirigir o texto de um roteirista iniciante. "Não teria feito este longa se não tivesse nascido em Nebraska", afirma o cineasta. "Mas sou de Omaha, cidade grande. A região que retratamos era exótica mesmo para mim."

A descoberta de um interior de tradições antigas e velhas rixas é o verniz de "Nebraska". No meio do caminho para o local em que haverá a coleta do suposto prêmio, pai e filho precisam parar na casa da família, onde as histórias do passado se juntam à mesquinharia do presente na fórmula "choro + risos" que Payne sabe equilibrar como poucos diretores.

Com a adição da mulher de Woody (June Squibb, hilária), o trio tenta lidar com o fato de a família e alguns velhos amigos desejarem uma parcela de uma recompensa que nem existe.

"Alexander nunca pede nada aos atores. Ele me entregava os diálogos e observava como a cena ficava", conta Squibb, que fez "As Confissões de Schmidt" (2002) com o diretor, luxo que Will Forte não teve.

"Estou acostumado a atuar em comédias malucas, então fiquei preocupado por sair da minha zona de conforto", confessa Forte. "Não achava que fosse possível trabalhar com um diretor do calibre de Alexander Payne."


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página