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Crítica - Teatro

Clássico inglês "Em Nome do Jogo" tem atuações afiadas

LUIZ FERNANDO RAMOS CRÍTICO DA FOLHA

Drama eletrizante. "Em Nome do Jogo", encenação da obra-prima do dramaturgo inglês Anthony Shaffer (1926-2001), atualiza com graça um texto aclamado nos palcos e no cinema há 40 anos.

Shaffer era um advogado criminal, que escrevia novelas policiais e consagrou-se com este texto, em 1970. Combinando a experiência profissional com o talento para urdir tramas de suspense, ele ironiza aqui o próprio gênero que praticava.

Um escritor famoso de romances de mistério convida a sua casa o amante de sua mulher, um cabeleireiro imigrante, para propor-lhe negociação. Tem início um jogo de cartas marcadas, mas de aguda inteligência, em que várias reviravoltas estenderão as emoções e as surpresas até a última cena.

O desafio do idealizador e diretor geral da montagem, Gustavo Paso, era tornar relevante a encenação de um texto bem conhecido, cuja versão cinematográfica, "Jogo Mortal" (1972), foi arrebatadora.

Nessa adaptação brasileira, houve o acerto de enxugar a peça de modo a manter um ritmo acelerado nas ações.

A tradução de Marcos Daud gerou diálogos curtos e secos, pertinentes à esgrima mental que os dois personagens travam, com frases cortantes e mensagens sub-reptícias.

Mas o maior trunfo da produção é o desempenho de Marcos Caruso como o escritor com alma de detetive, que planeja um golpe contra o rival e se vê surpreendido, em meio ao processo, com a astúcia do oponente. Nenhum outro ator brasileiro faria hoje este papel com a elegância e a precisão com que ele o faz.

Erom Cordeiro, como o jovem e intrépido amante desafiado, mostra-se à altura do parceiro de cena, emprestando ao personagem uma vitalidade que o renova e o aclimata a tempos mais atléticos.

"Em Nome do Jogo" é uma produção impecável e diversão garantida a qualquer público. É uma prova de que o teatro brasileiro, quando combina qualidade artística e sustentabilidade, pode viver de bilheteria.


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