Folha de S.Paulo

Público faz coro da música depois do fim do filme

Nas primeiras sessões paulistanas de "Faroeste Caboclo", de René Sampaio, em cartaz em 500 salas do país, boa parte do público permaneceu nas poltronas por nove minutos após o fim da história.

Isso porque os créditos são o único momento em que se ouve a canção-título. Fãs da Legião Urbana aproveitaram para mostrar que conhecem a letra de cor.

Nas pré-estreias do longa nacional, anteontem, a escolha nº 1 dos paulistanos em três shoppings visitados pela reportagem ainda era o blockbuster "Velozes e Furiosos 6", visto por mais de 1 milhão de pessoas no último fim de semana. As salas de "Faroeste" não lotaram.

A produtora de "Faroeste Caboclo", Bianca de Felippes, conta que conversou com exibidores para "criar o clima" para uma catarse da plateia: "Pedimos aos cinemas para não acenderem a luz depois da cena final, a fim de permitir essa interação do público".

Nessa hora, com o filme fresco na memória, os espectadores comparam a letra com o longa. "É como assistir ao filme depois de ter lido o livro", diz a professora Adriana André, 35.

Fãs da banda disseram sentir falta de detalhes da canção não incluídos no filme. O programador Ricardo Batista, 23, cita a ênfase que a música dá à infância de João do Santo Cristo, algo que, segundo ele, não foi muito explorado no filme.

Um personagem que ficou de fora foi o sorveteiro, que na canção assistiu ao duelo de Santo Cristo e Jeremias: "Esperava muito por essa parte!", lamenta o designer Rodrigo Luiz Guimarães, 36. Ele lembra também que a mídia filmava a briga --no filme, ninguém mais assiste ao embate, além da mocinha Maria Lúcia.

Por outro lado, admiradores de Renato Russo elogiaram a forma como o filme resolveu o casamento de Maria Lúcia e Jeremias. A publicitária Monique Alves, 24, acha que a união se dá de modo inesperado na música, mas é desenhada de forma consistente e verossímil no filme.