Folha de S.Paulo

Will Smith prepara o filho para "reinar"

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A CANCUN

Com a estreia de "Depois da Terra", o ator mais rentável do mundo prepara seu filho, Jaden, para assumir os holofotes de uma família que mais parece um negócio.

Há quase uma década, Will Smith, 44, é o ator mais lucrativo de Hollywood. Dez de seus 12 filmes mais recentes renderam mais de US$ 100 milhões (R$ 200 milhões) nas bilheterias norte-americanas, algo que nem Tom Cruise fez.

No mundo todo, seus projetos levantaram US$ 6,4 bilhões (R$ 13 bilhões), o último tendo sido a sequência "MiB 3 "" Homens de Preto", que rendeu US$ 624 milhões (R$ 1,3 bilhão) há um ano.

Mas Will Smith quer mais. Em "Depois da Terra", que estreia na próxima sexta, uma ideia que teve há três anos e repassou ao cineasta M. Night Shyamalan ("O Sexto Sentido"), o ator começa a passar de forma mais direta a tocha para o filho Jaden Smith, 14.

Na ficção científica futurista, Will vive um prestigiado soldado cuja nave com o filho (Jaden) a bordo cai na Terra mil anos depois da saída dos humanos do planeta.

"Tudo neste lugar evoluiu para matar humanos", diz seu personagem, que se machuca e precisa guiar o garoto em uma jornada por florestas habitadas por animais selvagens e outros perigos.

A analogia entre vida real e ficção não é negada. "Meu personagem vive sob a sombra do pai, assim como eu. Se você seguir a história de Depois da Terra', seguirá minha história de certa maneira', confessa Jaden.

"Estou ensinado meu filho a fazer o que faço, vender filmes como ninguém no mundo", conta um nada modesto Will. "Falei para ele que as cenas bacanas são dele, mas para nunca esquecer quem ganha mais dinheiro no filme."

A obsessão por fama e dinheiro parece guiar Will Smith, que transformou sua família em uma franquia pop. Seu primeiro filho, Trey, ainda com a primeira mulher, apareceu em vídeos musicais do pai, mas preferiu seguir a carreira de futebol americano em universidades.

VIDA NORMAL

A filha mais nova, Willow, 12, parecia que seguiria a carreira do pai, ex-rapper e astro de comédias de TV. Participou em longas como "Eu Sou a Lenda" (2007), mas ficou conhecida pela música "Whip My Hair", hit no YouTube em 2010, hoje com quase 90 milhões de visualizações.

Mas desistiu antes de lançar o primeiro disco para viver como uma criança normal. Deixou de lado o projeto de adaptação do musical "Annie", comprado por Will para alavancar a carreira da filha ao lado de Beyoncé --o filme deve sair com Quvenzhané Wallis, de "Indomável Sonhadora".

"Falei: Não, querida, você tem alguns meses para divulgar o álbum pela frente'. Mas ela falou que estava pronta para voltar para casa. Foi uma dor excruciante deixar carne no osso", diz Smith pai. "Precisei me abrir para o fato de que outra pessoa na minha família não tem a mesma visão que eu sobre a vida."

Will Smith sabe que exagera. "Cresci trabalhando como entregador. Quanto mais trabalhava, mais dinheiro dava para a comida da minha família. Em casa, a ideia era a de cumprir a missão, não importava se você estava machucado ou sem condições".

Jaden Smith, seu segundo filho, conhece bem essa obsessão. "O que mais me irrita nele é esse foco, mas é também o que mais admiro", conta o adolescente, que começa a ter ideias megalômanas como as do pai. "Quero ser o melhor, mas sinto que posso fazer filmes e ajudar o mundo como um todo, sabe? Ajudar a indústria cinematográfica, sabe? O mundo precisa de uma voz neste momento, sabe? Eu posso ser essa voz."

Jada Smith, a mãe, mais conhecida por um papel menor nas continuações de "Matrix", parece meio alheia às negociações, apesar de dirigir com Will a produtora Overbrook, que planeja uma trilogia para "Depois da Terra", com Jaden no papel principal.

"Em Karate Kid' [primeiro longa protagonizado por Jaden, aos 10 anos], eu o pressionava como um ditador e ela o protegia. Agora, pedi um tempo para pai e filho. Preciso tirar a rede de segurança para ele aprender a se equilibrar sozinho", diz Will.