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Mostra revela a diversidade de Resnais

Filmografia do cineasta francês em cartaz no Cinusp abrange desde os documentários até longas mais abstratos

Diretor, que completa 91 anos hoje, criou obras como "Hiroshima, Meu Amor" e "Ano Passado em Marienbad"

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

Para comemorar os 91 anos, que se completam nesta segunda, de um dos mais persistentes e inquietos artistas da história do cinema, o Cinusp exibe de hoje até dia 14 uma retrospectiva da obra do francês Alain Resnais (pronuncia-se Rêné).

Com o subtítulo "O Revolucionário Discreto", a mostra reúne 15 trabalhos, entre curtas e longas, que cobrem desde sua emergência, no início dos anos 1950.

Da primeira fase, a abordagem do universo artístico, central em "Guernica" e "As Estátuas Também Morrem", e da plasticidade das formas, como em "O Canto do Estireno", revela um cineasta que usa o documentário como artifício para reinventar obras.

Neles, a escolha de perspectivas inusitadas encontra no dinamismo da montagem um recurso em que o cinema filma a arte sem nunca cristalizá-la num objeto, seja de culto ou de contemplação.

Na mesma época, Resnais realiza "Noite e Neblina" e "Toda a Memória do Mundo", documentários nos quais evoca a barbárie e a cultura como nosso avesso e direito e, sobretudo, põe em cena os temas da temporalidade e da memória, dominantes na maior parte de sua filmografia.

O impacto dos longas começa com "Hiroshima, Meu Amor". Nele, a memória é dor pessoal e rastro de um poder de aniquilação tornado absoluto na era atômica. O par de amantes coberto de suor e poeira radioativa alcança um patamar em que poesia e política se entrelaçam, produzindo encanto e consciência.

Dos anos 1960, a mostra reúne os filmes mais abstratos, em que a indagação a respeito da experiência do tempo se amplifica em narrativas radicais que marcaram época, como "Ano Passado em Marienbad", "Muriel" e "Eu Te Amo, Eu Te Amo".

Em vez de datados exemplos de modernismo, estes títulos permitem reconhecer a influência de Resnais sobre cineastas contemporâneos, como Wong Kar-wai e Michel Gondry, e identificar a origem das narrativas complexas buscadas por Charlie Kaufman e Christopher Nolan.

Em meio aos títulos consagrados, joias raras e um tanto esquecidas, como "Stavisky ou o Império de Alexandre" e "O Meu Tio da América" merecem toda a atenção.


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