Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Drama

Diretora busca sintonia com filmografia de Alain Resnais

Quarto longa de Agnès Jaoui mistura registro realista com contos de fadas

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Além do Arco-Íris", quarto longa-metragem da diretora francesa Agnès Jaoui, justifica a associação que normalmente se faz entre seu trabalho e o de Alain Resnais, o veterano diretor de "Vocês Ainda Não Viram Nada".

A semelhança, nesse caso, favorece o tom perseguido pela diretora.

Jaoui escreveu, com Jean-Pierre Bacri, o roteiro de dois (ou três, se preferirem) belos filmes do mestre: o díptico "Smoking/No Smoking" (1993), que mostra diferentes caminhos de uma história a partir de uma simples decisão; e o delirante musical "Amores Parisienses" (1997), que desconcertava pelo uso inusitado de canções antigas.

Em 2000, Jaoui estreou na direção com o razoável "O Gosto dos Outros" (que de Resnais tem muito pouco), e realizou depois outros dois longas que, se não passam vergonha, não contribuem em nada para que ela seja considerada uma verdadeira autora.

"Além do Arco-Íris", também escrito por ela e Bacri, tem um registro predominantemente realista, mas é temperado por toques de contos de fadas. O que o aproxima de "A Vida é um Romance" (1983), um dos filmes mais injustiçados de Resnais.

O faz de conta invade pontualmente a confusão de Laura, a protagonista de 24 anos. Ao mesmo tempo em que encontra o seu príncipe encantado, sozinho em uma festa e destacado pela estátua de um anjo, ela fica enfeitiçada por um crítico musical.

Está, ela também, entre a realidade (o crítico, de vida econômica estável e hábitos promíscuos) e a fábula (o príncipe, um jovem compositor erudito).

O filme se faz do encontro nem sempre harmonioso dessas duas instâncias, e a confluência entre elas provoca uma série de pequenos e estranhos acontecimentos.

Um peixe voando no meio de uma sala, um pai que atira um objeto para sua criança pegar como se fosse um cachorro, uma mãe que só revela seu envelhecimento físico quando sabe da notícia de um casamento e outras maluquices inseridas pela diretora, por vezes de modo arbitrário.

Essa estranheza toda faz com que "Além do Arco-Íris" seja tortuoso, errático. É um desses acidentes que constroem obras vivas, abertas à inteligência do público.

De forma um tanto trôpega, Agnès Jaoui, que ainda está longe de ser uma grande cineasta, conseguiu uma agradável sintonia com a obra de Alain Resnais.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página