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Livro revela versos inéditos de Tolkien sobre o rei Arthur

Filho do autor de "O Senhor dos Anéis" recupera texto inacabado e lança publicação nos EUA e no Reino Unido

Intenção do romancista e filólogo, morto em 1973, era a de recriar o fim trágico do monarca e de seus cavaleiros

REINALDO JOSÉ LOPES COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Do baú aparentemente inesgotável de manuscritos inéditos de J. R. R. Tolkien (1892-1973), autor da saga "O Senhor dos Anéis", seu filho Christopher tirou uma longa narrativa inacabada, em versos, sobre o rei Arthur e os cavaleiros da Távola Redonda.

Batizado de "The Fall of Arthur" (a queda de Arthur, em tradução livre), o livro acaba de ser lançado nos EUA e no Reino Unido.

A intenção do filólogo e romancista era recriar o fim trágico do monarca e de seus cavaleiros, traídos pelo filho bastardo de Arthur, Mordred.

Com quase mil versos, o poema não chega a contar o fim da Távola Redonda, mas apresenta quase todos os grandes elementos do ciclo arturiano, como o amor proibido da rainha Guinevere e do cavaleiro Lancelot.

As semelhanças com a tradição arturiana, no entanto, param aí. Ao contar a história, Tolkien inova ao ressuscitar a chamada métrica aliterativa anglo-saxã, que teve seu auge na Alta Idade Média e ficou esquecida até o século 20.

Em vez de rima, o poeta que emprega essa métrica trabalha com a repetição de sons na sílaba tônica das palavras para amarrar os versos internamente --não é preciso repetir o mesmo som de um verso para outro.

Exemplo dessa métrica: "From the West comes war that no wind daunteth/Might and purpose that no mist stayeth" (do Ocidente vem guerra que nenhum vento intimida/Poder e propósito que nenhuma bruma detém).

Ironicamente, é um estilo poético trazido para o atual Reino Unido pelos invasores saxões, justamente os inimigos do rei Arthur.

Não se sabe exatamente quando ele compôs os versos, embora ele tenha mostrado o texto a um colega em 1934.

O certo, porém, é que eles prefiguram uma série de elementos que acabariam ficando famosos nos livros que Tolkien publicaria mais tarde, começando com "O Hobbit", em 1937.

Logo no começo do poema, por exemplo, Arthur e seus cavaleiros deixam a Bretanha (atual Inglaterra) e desembarcam na Europa continental para enfrentar os bárbaros e tentar salvar o que restou do Império Romano.

Chegam, então, a Mirkwood, ou Floresta das Trevas, mesmo nome da gigantesca mata que o hobbit Bilbo atravessa com seus companheiros anões. O nome não foi inventado por Tolkien --aparece em diversos textos medievais.

Em rascunhos que traçam um esquema de como seria o fim do poema, Tolkien também faz a equação entre a ilha mágica de Avalon, para onde o rei Arthur, mortalmente ferido, teria sido levado, e Tol Eressëa, a ilha habitada pelos elfos de sua mitologia.


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