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Barraco musical

Sambista que teve sua obra ofuscada por uma polêmica com Noel Rosa, Wilson Baptista ganha biografia

LUCAS NOBILE DE SÃO PAULO

Mesmo respeitado no universo do samba e elogiado por nomes como Paulinho da Viola, que o classificou como "o maior sambista de todos os tempos", Wilson Baptista (1913-1968) teve sua obra, de mais de 600 composições, ofuscada por uma briga com um adversário de peso: Noel Rosa (1910-1937).

Autor de clássicos do samba, como "Meu Mundo É Hoje", Wilson, que foi um dos pioneiros de provocações e respostas em forma de música, ganhará em seu centenário, comemorado em julho, homenagens que buscam mostrar seu talento para além do episódio envolvendo Noel Rosa.

Depois da polêmica entre Wilson e o poeta de Vila Isabel, os bate-bocas musicais se popularizaram principalmente nos anos 1950. E exemplos não faltam até os dias de hoje.

Vão desde o embate sentimental entre Herivelto Martins e Dalva de Oliveira e as provocações entre Mirabeau Pinheiro e Ataulfo Alves até outras mais recentes, como a rixa entre os rappers C4bal e Emicida, entre Lobão e Caetano Veloso, e casos internacionais, como Eminem versus Lady Gaga (leia mais ao lado).

"Um cantor famoso, cujo nome não vou citar, disse que o Wilson tinha sido o vilão do Noel. Ele acabou ficando com o papel vilanesco, como se tivesse levado a pior", diz Rodrigo Alzuguir, que coordena os principais tributos.

Entre as homenagens estão um caderno com mais de cem partituras do músico, com lançamento em julho, e a primeira biografia do sambista que, por não tocar nenhum instrumento, ganhou o apelido de "maestro caixa de fósforo".

O livro, previsto para setembro, teve patrocínio do edital da Natura Musical e sairá pela editora Casa da Palavra.

Além de dimensionar a importância do músico, documentando todo o cancioneiro de Wilson, a obra revela um fac-símile de um livro de memórias que o próprio sambista começara a escrever pouco antes de morrer.

ALÉM DO VILÃO

A rusga entre Wilson e Noel Rosa teve início em 1933, quando o primeiro, entusiasta da malandragem, compôs "Lenço no Pescoço". Noel, que havia disputado uma mulher com o concorrente, respondeu com "Rapaz Folgado".

A briga rendeu tréplicas, como o samba "Frankenstein da Vila" --em que Wilson ridicularizava o defeito no queixo do adversário. Noel respondeu com "Palpite Infeliz".

Para João Máximo, coautor, com Carlos Didier, de "Noel Rosa - Uma Biografia", a polêmica contribuiu para ofuscar a obra de Wilson. "Ele pagou caro por ter vivido em um período em que o samba ficou um pouco por baixo. Mas foi um sambista de primeiríssimo time, como Geraldo Pereira e Ataulfo Alves", diz.


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