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Bruna Beber lança seu quarto livro de poesias amanhã em São Paulo

'Rua da Padaria' reúne versos marcados pelo cotidiano na periferia, onde a escritora morou

Autora de 29 anos que cresceu na Baixada Fluminense e vive na capital paulista foi um dos destaques da Flip

RODRIGO LEVINO EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Quando lançou seu primeiro livro ("A Fila sem Fim dos Demônios Descontentes", 7Letras), em 2006, a poeta carioca Bruna Beber, 29, tinha 22 anos e ouviu do pai, que bancou parte daquela edição em três parcelas: "Se não vender tudo, a gente põe uma banquinha aí na calçada".

Os 600 exemplares se esgotaram em algumas semanas.

"Meu pai tem um receptivo de turismo, então ele meio que obrigava todo mundo a comprar o livro, inclusive estrangeiros que não entendiam nada", contou aos risos à Folha.

Amanhã é outra Beber que lança, em São Paulo, uma nova obra ("Rua da Padaria", Record): autora de quatro livros, reconhecida como um dos nomes significativos de sua geração, traduzida para o inglês, o espanhol e o alemão, e um dos destaques da última Flip, quando autografou cerca de 300 livros em duas horas.

De voz pausada e forte sotaque carioca, quase intocado pelos sete anos em que vive em São Paulo, Beber diz que nunca esperou por tanto.

Escreve desde os seis anos porque lê desde então e gosta das duas coisas.

De uma família de professoras e pedagogas, cresceu cercada por livros. Aos dez anos, decidiu ler "algo difícil".

Atormentou a mãe por dias seguidos querendo explicações sobre o poema "Marília de Dirceu" (1792), do arcadista Tomás Antônio Gonzaga.

"Rua da Padaria" é também uma ponte para esse passado, situado entre Duque de Caxias e São João de Meriti, cidades da Baixada Fluminense onde Beber viveu até os 20 e poucos anos, dividida entre a casa dos pais e a dos avós.

A miríade de sons, cores, cheiros e tipos da periferia são parte importante da obra.

Nos poemas de "Rua", há o botijão de gás que explode, as crianças correndo atrás da bola, a macumba da encruzilhada ("mamãe posso comer/ essa pipoca"). Junto a isso, pequenos flertes, observações e alegrias comezinhas.

Quase sempre associada à geração de novos poetas que têm por maior inspiração o cotidiano, Beber se diz inadequada a essas rotulações.

"Não me enxergo como parte de uma turma ou de um grupo, nem acho que a minha geração esteja construindo alguma espécie de pensamento."

Revelada na internet, onde manteve "sei lá quantos" blogs de poesia, Beber é um retrato de sua época, em que hierarquia ou dieta cultural têm pouca eficácia.

"Fui criada numa casa em que Neguinho da Beija-Flor valia tanto quanto Tom Jobim. Não havia juízo de valor. A gente lia, via e ouvia o que gostava."

A "rua da padaria", a mais movimentada de São João de Meriti, ela cruzou pela primeira vez aos seis anos, sob os olhos da avó. "Foi épico!"


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