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Filho de Tarso de Castro compara Porta ao 'Pasquim'

'Fizemos uma revolução', diz João Vicente de Castro, sócio do canal e herdeiro de um dos criadores do jornal

'Tem cara que tem mais crédito, mas quem fez foi meu pai' diz ex-publicitário sobre origem do semanário

DE SÃO PAULO

Filho de Tarso de Castro, um dos criadores do semanário "O Pasquim" nos anos 1960, João Vicente de Castro, um dos criadores do Porta dos Fundos, diz hoje que as duas iniciativas "realmente têm muita coisa a ver".

Mas de início ele resistia à "comparação pesada" com o pai, que marcou o jornalismo brasileiro também nos anos 1970 e 1980, quando foi editor da "Ilustrada" e do suplemento "Folhetim". Ele morreu em 1991, aos 49 anos.

A seguir, trechos de entrevista com João Vicente, 30.

(NELSON DE SÁ)

-

Folha - O Porta dos Fundos se estabeleceu financeiramente na internet, sem TV. Ele pode ser um marco?
João Vicente de Castro - Totalmente. Hoje em dia, [como] canal de internet, não vejo nenhuma empresa que seja parecida aqui no Brasil.
Que ganhe dinheiro, faça projetos e tenha funcionários, essas coisas. Foi uma revolução que a gente fez, quando acreditou para cacete nisso e falou, "vamos fazer".

Antes você trabalhava com publicidade?
Eu trabalhava na televisão e, antes, em publicidade. Fui morar em São Paulo logo cedo. Ganhei um estágio na W/Brasil, porque escrevia na revista da MTV e o Washington [Olivetto, publicitário] leu um negócio e me chamou.
Fiquei lá três anos, fazendo propaganda. Gostava do ambiente, mas não tanto do ofício. Sempre tive um lado muito pé no chão, de pensar no que ia fazer, ganhar dinheiro, até que entendi que só ficaria feliz com uma coisa que desse prazer. Aí voltei para o Rio e me chamaram para a Globo, como autor-roteirista. Foi quando conheci a galera e começamos a falar do projeto do Porta, que todos tínhamos ideia de fazer, cada um de um jeito. Conversando e criando, surgiu o que veio a ser o Porta.

Seu pai tinha um espírito empreendedor que você também parece ter. Como vê a trajetória dele?
Eu era muito novo quando meu pai morreu. Vi o lado profissional dele depois.
Existem muitas teorias, de que o Ziraldo criou "O Pasquim" e não sei o que, mas, quem sabe, sabe que não é assim. Tem cara que tem muito mais crédito, sendo que quem fez foi meu pai.
Mas não consigo vê-lo como empreendedor exatamente. Eu o vejo como um cara criativo, que tinha ideias inovadoras e acabou criando um jornal que foi um marco na história do jornalismo.
Não sei se se pode dizer que é genética, influência, mas de qualquer maneira nesse caso aqui não fui eu que criei, fomos eu e meus sócios.
Cada um tem uma parcela de contribuição para o que acabou sendo o Porta.

"O Pasquim" foi criação coletiva. Estava lá o Paulo Francis, que depois foi colunista com seu pai na "Ilustrada".
Os inimigos [risos].
[amigos no início, eles teriam rompido nos últimos anos de carreira].

Foi uma aposta de risco daquele pessoal, em imprensa, e agora vocês fazem algo que também é muito diferente, em vídeo.
Em tudo que fiz, nunca achei que ia me comparar com meu pai.
Era até uma coisa que não queria, uma comparação pesada. O Porta não é uma coisa que fiz por isso, para ser parecido com meu pai, mas acabou que tem a ver.
Hoje em dia, acho que "O Pasquim" e Porta dos Fundos realmente têm muita coisa a ver. Um mais politizado que o outro, enfim, cada um com suas virtudes e seus defeitos, mas, sei lá, se parecem.


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