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Exposição celebra Balés Russos de Diaguilev

Mostra nos EUA explora exuberância da centenária 'A Sagração da Primavera', um dos principais espetáculos do grupo

Companhia exilada em Paris entre 1909 e 1929 marcou época ao promover colaborações entre diversas artes

RAUL JUSTE LORES DE WASHINGTON

Picasso, Matisse, Miró, De Chirico e Chanel desenharam seus figurinos e cenários. Stravinsky, De Falla, Satie, Strauss, Prokofiev e Debussy compuseram trilhas originais. Por anos, Vaslav Nijinsky foi seu coreógrafo e principal bailarino.

O elenco acima prova que os Balés Russos de Serguei Diaguilev promoveram frutíferas colaborações entre diferentes artes, dignas do Renascimento.

Os cem anos de um de seus principais balés, "A Sagração da Primavera", está sendo comemorado com uma ampla exposição na National Gallery de Washington, em cartaz até setembro.

O produtor russo Serguei Diaguilev foi o responsável por levantar esse "dream team" da dança. Compositor e coreógrafo frustrado, soube se cercar dos melhores e convencer gente de fora do mundo da dança a se integrar ao projeto.

A empreitada começou como uma ofensiva de charme da monarquia russa à França, depois de o país ter sido derrotado (e perdido muito dinheiro) em uma guerra contra o Japão.

Para conquistar credores com a arte russa, Diaguilev foi a Paris em 1905 organizar exposições e levar balés russos. Em 1909, já sem o patrocínio do czar russo, decidiu criar sua própria companhia.

Na exposição, vídeos e entrevistas (incluído um documentário narrado pela atriz britânica Tilda Swinton) contam o impacto das criações.

De protestos e quebra-quebra em Paris pelas ousadias de "A Sagração da Primavera" em 1913 (com passos e movimentos considerados bárbaros e agressivos) às modas lançadas pela companhia, da hipersexualização ao orientalismo.

A companhia causava escândalo também fora dos palcos. Diaguilev não escondia a relação com o coreógrafo Nijinsky. Viviam juntos e se hospedavam no mesmo quarto de hotel --pediam cama de casal-- nas diversas turnês dos Balés Russos.

Além de boa parte da Europa, eles cruzaram os Estados Unidos e se apresentaram duas vezes na América do Sul. No Brasil, estiveram em São Paulo e Rio de Janeiro, em 1917 (os cenários do balé "Parade" estiveram em uma mostra em São Paulo, em 2001, na Oca, no Ibirapuera).

ESPETÁCULO

Depois da tumultuada ruptura com Nijinsky, Diaguilev contratou o russo Léonide Massine, com quem também manteve uma relação amorosa e profissional.

Foi Massine quem coreografou "Parade", com música de Satie, "O Chapéu de Três Pontas", de Manuel de Falla e "Pulcinella", de Stravinsky, os três espetáculos com cenários e figurinos de Pablo Picasso, que se casou com uma das bailarinas do grupo, Olga Koklova, em 1918.

Uma frase atribuída ao produtor diz que ele jamais deixou que a "autenticidade se sobrepusesse ao espetáculo" --como confirmam os nada confortáveis figurinos cubistas de Picasso para "Parade" (com silhuetas pontiagudas de arranha-céus saindo dos trajes).

Ou os andróginos trajes de banho concebidos por Coco Chanel em 1928 para "Apollo" (coreografado por George Balanchine), em um dos últimos espetáculos da companhia.

Diaguilev morreu vítima de complicações diabéticas em 1929 e a companhia se dispersou logo depois, acossada pelas muitas dívidas.

Boa parte da coleção exposta nos EUA pertence aos museus Victoria & Albert, de Londres, e à própria National Gallery, além de diversas coleções privadas americanas. Na exposição, também há obras em homenagem ao grupo, como uma escultura de Rodin retratando Nijinsky e Massine pintado por Picasso como Arlequim.

O visitante também pode assistir a apresentações recentes com versões dos balés feitas por companhias americanas e europeias. Há pouquíssimas imagens do grupo original --mas a mostra ajuda a imaginar toda essa seleção das sapatilhas em ação.


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