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Algumas impressões
MAC-NITERÓI
"O museu de Oscar Niemeyer em Niterói é um disco voador maluco, um lugar onde seu trabalho chega a tamanha exuberância que quase explode de tanta energia. Mas é muito diferente, também, de outros projetos posteriores dele, insípidos e sem vigor. O prédio não faz sentido como museu, mas é tão divertido que eu acho que deveria se perdoar suas deficiências técnicas. É um prédio muito atraente, mas pouco funcional, a menos que consideremos sua função como atrair pessoas para uma experiência agradável. Aí sim ele funciona."
PALÁCIO CAPANEMA
"Esta escadaria é um dos meus pontos favoritos neste prédio do antigo Ministério da Educação e Cultura, no centro do Rio. Obviamente, o gênio por trás do projeto deste edifício foi Le Corbusier, mas é patente o trabalho desenvolvido por Oscar Niemeyer para amaciar esta construção e dar a ela a característica suavidade brasileira. O prédio não tem a aspereza comum a muito do modernismo do período e é um ótimo exemplo de como um edifício pode se encaixar bem na paisagem urbana de uma cidade."
CASA DAS CANOAS
"Uma casa inacreditável, mas infelizmente precisando muito de restauro. Espero que os recursos sejam conseguidos para isso. É uma das melhores casas modernistas feitas por um arquiteto para seu próprio uso que eu conheço em qualquer país do mundo. Foi um dos pontos altos da minha ida ao Rio. Gostei muito do caráter lírico e sossegado como ele maneja as formas, com uma sutileza que Niemeyer viria a perder mais adiante."
SÍTIO BURLE MARX
"O Sítio Roberto Burle Marx, em Barra de Guaratiba, foi o lugar mais estimulante e, certamente, o mais inusitado que conheci nesta viagem ao Brasil. Ele tem uma das mais belas paisagens criadas pelo homem em todo o mundo. Burle Marx demonstra lá o caráter único de sua arte, que era a um só tempo de grande amplitude, mas intimista. É um trabalho notável de integração de civilização e natureza. Não é só uma questão paisagística. Por conta desse interesse, creio, Burle Marx teve tamanho sucesso na colaboração com arquitetos."
PARATY
"É impossível não gostar de Paraty. A parte colonial da cidade é muito bonita e acolhedora. E gosto das cidades que dão espaço ao pedestre e ao ciclista. Aluguei uma bicicleta e, do morro, pude ter uma noção mais geral da cidade. O único risco de Paraty é que ela se torne fofa demais. Qualquer cidade muito bonita e com uma forte atividade econômica turística vive este desafio, o de se manter com uma aparência real. O outro desafio seria o de construir algo novo lá que não seja imitação da arquitetura colonial, e que tenha qualidade arquitetônica."
