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Esperanza estreia com 'segundo álbum'

Banda curitibana de rock Sabonetes lançou disco homônimo em 2010 e resolveu trocar de nome no novo trabalho

Grupo deixa rock mais básico para compor com influências de MPB como Novos Baianos e Clube da Esquina

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Com um disco homônimo lançado há três anos, a banda curitibana Sabonetes conseguiu boas críticas e muitos fãs. Estes agora podem apreciar o aguardado segundo álbum. Ou não?

"Esperanza", o disco, também é o primeiro trabalho de Esperanza, a banda. Pois é, o Sabonetes mudou de nome e foi de uma maneira insólita.

"Nesses três anos, nossa música virou outra coisa", explica o baterista Alexandre Guedes. "Aí o disco ficou pronto e tínhamos mandado para a fábrica. Então a gente olhou para a arte da capa e lá estava escrito Sabonetes..."

"Mas não era mais isso!", interrompe o guitarrista Wonder Bettin. "Não era. Mudaram a música, os conceitos", diz Guedes. "A gente ligou lá e mandou parar tudo."

A mudança de nome foi decidida numa tarde, segundo o vocalista e guitarrista Artur Roman, que explica a origem do nome: "Esperanza veio muito natural. Nossa vida é isso, é a esperança de que as coisas aconteçam".

Depois de ter um sonho com a palavra, Roman pesquisou e descobriu que era também o nome de uma índia mexicana que teve um caso com o escritor beat Jack Kerouac (1922-1969) nos anos 1950. "Ele escreveu o romance Tristessa', sobre a história dos dois, que tomavam morfina nessa época."

Os fãs souberam da mudança antes que o disco novo saísse. Houve chiadeira, mas, segundo a banda, a coisa sossegou quando eles ouviram as novas músicas.

O que teria mudado tanto? O Sabonetes era rock mais urgente, coisa de banda nova querendo mostrar sua cara. O Esperanza tem músicas mais complexas, algumas com visível inspiração nos Beatles.

"O primeiro disco foi uma reunião de músicas compostas durante cinco anos, tem coisa ali que fizemos ainda adolescentes. O segundo foi concebido com calma", diz Roman, que ressalta a importância do produtor Kassin.

"Ele tem essa pegada de texturas, de criar nuances. Kassin gravou Caetano e Los Hermanos", afirma Guedes. A banda alugou um sítio, sem internet nem telefone, e ficou compondo e tocando. Ao ouvir esse material, o produtor sugeriu que gravassem "ao vivo" no estúdio, com o grupo todo tocando junto.

"E foi assim: um, dois, três, quatro e vai! Tem músicas que a gente fez em um take só. A faixa que mais vezes a gente gravou foi em quatro takes. E quase sempre o que valeu foi o primeiro", recorda Roman, empolgado.

Ele conta que a mistura de músicas do Sabonetes e do Esperanza nos shows causa estranheza nos próprios músicos. "A gente gosta do repertório do primeiro disco, mas é diferente. Quando tocamos ao vivo, até parece cover."

DE VOLTA AOS ANOS 1970

A banda acredita que a principal ligação entre os dois álbuns são as letras espertas, todas em português. O baixista João Davi se entusiasma.

"Eu não gravei o primeiro disco. Quem tocou foi o Rodrigo Lemos, da Banda Mais Bonita da Cidade. E eu digo que o maior fã desses três caras sou eu. A força deles está nas letras, cara!"

Roman acha que, na mudança para Esperanza, as letras passam a ir mais direto ao ponto, sem tantas metáforas. Nos últimos anos o quarteto redescobriu Roberto Carlos e passou a ouvir mais música brasileira dos anos 1970.

"Esse pessoal expunha diretamente as ideias. Hoje a gente se expõe mais, com coragem", afirma Roman. "Nos últimos meses, o CD mais tocado no nosso carro foi Acabou Chorare', dos Novos Baianos, um dos melhores discos já gravados."

Ele acredita que o álbum tenha algo do Clube da Esquina, confraria musical mineira que tinha, entre outros, Milton Nascimento, Lô Borges e Beto Guedes, algo que ele sempre escutou e que seus colegas passaram a ouvir mais.

Para Roman, "a MPB tem um histórico de letristas muito bom. É um perigo escrever rock em português, você cai em comparações pesadas. A referência das pessoas é o Chico Buarque."


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