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Qatar usa recursos do petróleo para comprar tesouros artísticos

Com gastos de US$ 1 bilhão ao ano em aquisições, país busca se tornar centro de arte da região

Projeto ambicioso levou pequena nação do Golfo Pérsico a desembolsar o maior valor gasto por um quadro na história

ROBIN POGREBIN DO "NEW YORK TIMES"

Os preços vêm quebrando recordes e provocando espanto no mercado da arte.

Mais de US$ 70 milhões (cerca de R$ 155 milhões) em 2007 por "White Center", de Rothko, um dos preços mais altos já pagos por uma obra desse artista. No mesmo ano, mais de US$ 20 milhões (R$ 44 milhões) por um armário de remédios de Damien Hirst, na época um recorde em valores pagos por um trabalho de um artista vivo.

Em 2011, US$ 250 milhões (R$ 550 milhões) por "Jogadores de Baralho", de Cézanne, o mais alto valor conhecido já pago por um quadro.

Graças ao sigilo no mercado da arte, poucos na época sabiam quem tinha desembolsado esses valores.

Mas vem ficando cada vez mais claro que essas e muitas outras obras foram adquiridas pelo Qatar, pequeno país do Golfo Pérsico que, além de usar recursos do petróleo para reforçar sua influência no Oriente Médio, com iniciativas como armar os rebeldes sírios, também investe para se tornar potência cultural.

"Os qatarianos são os compradores mais importantes do mercado de arte, hoje", diz Patricia G. Hambrecht, da casa de leilões Phillips.

UMA MULHER INFLUENTE

As aquisições são realizadas por intermediários como a xeique Al Mayassa bint Hamad bin Khalifa Al Thani, presidente da Autoridade dos Museus do Qatar e irmã do novo emir do Qatar. Aos 30 anos, ela se tornou uma das figuras mais influentes no mundo das artes.

Especialistas estimam que Al Mayassa controle um orçamento de aquisições que chega a US$ 1 bilhão (R$ 2,2 bilhões) por ano. O Museu de Arte Moderna de Nova York, por exemplo, gastou US$ 32 milhões (R$ 70 milhões) com a aquisição de obras de arte no ano fiscal 2011-2012.

Segundo eles, os qatarianos vêm usando esses recursos para obter grande número de obras-primas modernas e contemporâneas de Francis Bacon, Roy Lichtenstein, Andy Warhol e Jeff Koons.

Boa parte do acervo ocidental que está sendo formado deve fazer parte de uma nova instituição de arte contemporânea no país, apesar de as autoridades ainda não a terem anunciado.

Quanto aos princípios que norteiam as aquisições, especialistas dizem que a xeique está simplesmente interessada em obter o melhor do melhor, não importa o custo.

"A xeique tem uma visão muito grandiosa", disse Leila Heller, marchand nova-iorquina que trabalha com artistas do Oriente Médio. "Ela quer converter Doha em centro artístico da região, para que as pessoas não precisem viajar até Nova York para ver grandes exposições."

Especialistas dizem que esse esforço para criar um acervo de arte contemporânea de primeira grandeza, partindo do nada, fortalece o mercado de arte e contribui em parte para a escalada dos preços.

Por exemplo, os US$ 250 milhões pagos por "Jogadores de Baralho" foi quatro vezes mais alto que o maior preço público pago por uma obra de Cézanne.

"Quando concluírem seu programa de aquisições e se retirarem do mercado, deixarão um buraco enorme", diz David Nash, que por 35 anos foi executivo-chefe da Sotheby's. "E não vejo ninguém preparado para ocupar esse lugar."


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