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Manter ritmo da linguagem no alemão é desafio para tradutores

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Quando mergulhou em "O Lustre", de Clarice Lispector, para traduzi-lo ao alemão, Luis Ruby logo identificou o desafio. "A Clarice diz coisas estranhas, muito pouco óbvias, e a sequência das palavras do texto é fundamental para criar esse efeito", diz.

O problema é que a ordem das palavras no português é muito diferente da ordem no alemão. Um exemplo dos mais triviais é a sequência substantivo-adjetivo: enquanto em português dizemos "escritora brasileira", em alemão fala-se "brasileira escritora".

A solução para reproduzir o estilo da escrita de Clarice foi corromper a sintaxe alemã, mantendo a ordem das palavras em português em muitos momentos. "Isso gerou outro desafio, que era criar frases no alemão que não perdessem a beleza e que não fossem complicadas demais", diz Ruby.

Estrutura das frases e ritmo são apenas algumas das dificuldades que os tradutores enfrentam. "Formação de palavras, tom, sintonia, elipses, poéticas inerentes, são todas essas coisas que influenciam cada decisão", afirma Wanda Jakob, tradutora de Ana Paula Maia.

Outro problema é a tradução de gírias, muito variadas no português. "Acho difícil traduzir as frases feitas e idiomáticas, até porque não existem dicionários para isso", afirma Marianne Gareis, tradutora de Machado de Assis e José Saramago.

Problema maior ainda são os palavrões. "Além de o cardápio ser muito extenso, eles soam bem mais pesados e grosseiros em alemão do que em português", diz Michael Kegler, tradutor de Luis Ruffato, José Eduardo Agualusa e Gonçalo Tavares.


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