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Rio lança edital para a criação de 'Hollywood carioca'

Prefeitura estima investimento privado de R$ 90 mi; vencedor da licitação terá concessão por 30 anos

Produtores que atualmente ocupam a área rebatem estudo e dizem que retorno do investimento é inviável

MARCO AURÉLIO CANÔNICO DO RIO

Se antes os cineastas brasileiros reclamavam da falta de dinheiro para fazer filmes, hoje, com o crescente financiamento público para o setor, o problema maior passou a ser a falta de infraestrutura.

É sob este diagnóstico que a RioFilme, empresa municipal de fomento audiovisual, quer lançar ainda neste mês um edital que prevê investimentos privados de no mínimo R$ 90 milhões para criar uma espécie de "Hollywood carioca".

O local será uma ampliação do atual Polo Rio Cine e Vídeo, na Barra da Tijuca (zona oeste). Criado em 1988, ele é a única alternativa de grande porte à produção independente audiovisual na cidade, mas nunca chegou a ser completamente concluído.

Hoje, seus oito estúdios, administrados por uma associação sem fins lucrativos formada por 86 produtoras, ocupam menos da metade do terreno disponível.

A Prefeitura do Rio vai licitar a área oferecendo a concessão por 30 anos, com obrigação de investimento: o vencedor precisará construir no mínimo 5.000 m² a mais de estúdios, além de reformar inteiramente os 5.000 m² existentes, num investimento mínimo de R$ 90 milhões.

"Hoje, a associação do polo paga barato para explorar estúdios de qualidade baixa, defasados tecnologicamente. Nosso interesse é que quem for assumir os estúdios pague mais e ofereça um local de qualidade internacional", diz Adrien Muselet, 31, diretor comercial da RioFilme.

Segundo ele, os atuais administradores --cujo contrato venceu em março e não foi renovado (a prefeitura entrou com uma ação de despejo)-- pagam R$ 17 mil mensais pela área dos estúdios. O novo aluguel será aumentado progressivamente, chegando a R$ 200 mil em 2017.

Produtores do polo ouvidos pela Folha reclamaram das condições "draconianas"do edital e das exigências de investimento de pelo menos R$ 90 milhões.

"Esse valor é absurdo, já fizemos estudos que mostram que esse investimento não retorna em 30 anos", diz Diler Trindade, produtor de filmes de Xuxa e Renato Aragão e membro da atual diretoria.

"A associação administra isso aqui há 24 anos, sabemos qual é a curva de ocupação dos estúdios, qual o preço que as empresas pagam."

Muselet rechaça a acusação. "Todas as pessoas do setor privado que eu consultei, com exceção deles, me dizem que o negócio fica em pé", diz o diretor da RioFilme.

Ele cita estudos feitos pela empresa municipal que estimam o faturamento anual em R$ 28,3 milhões a partir de 2016, com todos os novos estúdios prontos. "O tempo de retorno para o investidor seria de 17 anos."

Segundo ele, cinco empresas --as brasileiras Quanta, Casablanca e CiaRio, além das europeias Pinewood e FremantleMedia-- já procuraram a RioFilme interessadas no edital.

Outro projeto da prefeitura é o da ocupação do quartel-general da Guarda Municipal, em São Cristóvão (zona norte), que será desativado. A ideia é construir ao menos dois estúdios de 400 m², sediar produtoras e locais para cursos de formação de mão de obra --o espaço total é de 25 mil m², em três andares.

"Estamos montando o estudo de viabilidade agora, é mais complexo. Queremos uma fração maior do espaço para cursos e coisas do gênero, que não dão receita", diz Muselet.

Como no caso do edital do Polo Rio, ele diz que pretende criar um projeto que não envolva dinheiro público ("Sempre dá para fazer só com dinheiro privado"). O plano para o local deve ser anunciado no próximo FestRio, no final de setembro.


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