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Novo canal não terá transgressão, afirma ex-diretor

KEILA JIMENEZ COLUNISTA DA FOLHA

Transição, troca de bastão, novo capítulo de uma história? Para André Mantovani, diretor-geral da MTV Brasil por quase dez anos, o canal que migra em outubro para a TV paga pode vir a ser tudo, menos a continuidade da trajetória que começou em 1990.

Hoje consultor de negócios, Mantovani diz estar de luto porque a MTV Brasil, do jeito que a gente conhece, morrerá de vez em setembro.

"O canal da Viacom será uma MTV americana com uma hora de programação nacional por dia para cumprir as cotas da lei da TV paga", disse à Folha.

"A MTV Brasil chegou a ter seis horas diárias de programação original, com identidade, que apostava em talentos", afirmou. "Vem aí algo só com o mesmo nome. A MTV Brasil acabou."

Segundo ele, que acompanhou as polêmicas e os anos áureos do canal, o novo paciente terminal da TV recebeu o seu diagnóstico há três anos e desde então busca uma cura milagrosa, sem sucesso.

"Em 2010, quando deixei o canal, já havia a sinalização que era necessário mudar, investir. Ali, a Abril [proprietária da concessão, que licenciava a marca da Viacom] deixou claro que não levaria a MTV adiante", conta.

"Esse é um direito legítimo do Grupo Abril, o de não mais investir em TV. Entendo a decisão deles. Mas é triste ver uma história tão bacana acabar assim", diz Mantovani.

Para o ex-diretor, todo esse confete em torno do retorno da marca para a Viacom esconde o fim de uma história de transgressão e inovação na televisão brasileira.

"Fizemos o primeiro beijo gay de língua da TV brasileira, mandamos desligar a TV e ir ler um livro, revelamos muita gente bacana", conta o executivo, que também coleciona alguns atritos no meio televisivo, como a briga com a Globo pelos direitos do acústico de Roberto Carlos, em 2001.

"Quando a Band levou o Marcos Mion, invadimos a emissora com um mandado de segurança para impedir a exibição do programa dele. Ele copiou quadros da MTV", afirma, rindo.

Mas o "pode quase tudo" da MTV também teve o seu freio. Mantovani conta que pediu expressamente para a turma do humorístico "Hermes e Renato" não exibir nenhuma genitália no ar. "Nem as deles, nem de plástico."

Com tantas memórias e lendas do canal musical, como a de que fazia macumba para todos os ex-VJs quebrarem a cara em suas novas empreitadas na TV --ele nega, mas se diverte com a história-- Mantovani quer se despedir da MTV Brasil com estilo.

Ele planeja uma grande festa com ex-funcionários, indústria fonográfica e quem mais fez parte da história do canal.

Vão beber o morto? "Não. Vamos celebrar a trajetória de sucesso, o orgulho que nos dava trabalhar lá."


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