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A maior exposição do mundo

A partir de hoje, 'Art Everywhere' pulveriza reproduções de obras de arte por 22 mil painéis no Reino Unido

CASSIANO ELEK MACHADO DE SÃO PAULO

Duas áreas nas quais a Inglaterra se destacou um bocado nas últimas décadas foram a publicidade e as artes plásticas. Não seria demais acrescentar uma terceira: publicidade das artes plásticas.

Pois a partir de hoje, e nas próximas duas semanas, todos estes universos se combinam à perfeição. Começa nesta segunda, em todo o Reino Unido, a "Art Everywhere", mostra que pode gabar-se sem riscos de ser "a maior exposição do mundo".

A exposição ("Arte em Todos os Lugares", seria o nome em português) estará em cartaz simultaneamente em mais de 22 mil lugares.

Apenas 57 obras de arte serão expostas nestes milhares de locais, do Oiapoque ao Chuí do reino: de Falmouth, no sul da Inglaterra, a Thurso, no norte da Escócia.

O milagre da multiplicação das obras é simples: serão apenas reproduções, exibidas em espaços como outdoors, pontos de ônibus, displays eletrônicos e cartazes de todos os tipos e tamanhos.

A seleção dos trabalhos reproduzidos (também em 2.000 ônibus e em mil táxis de Londres) foi parcialmente escolhida pelo próprio público, pela internet.

Em junho, uma lista de cem obras feitas por britânicos ou realizadas no Reino Unido (e todas elas parte de coleções públicas do país), foi apresentada no site art everywhere.org.uk.

A relação foi elaborada por um comitê de críticos, historiadores e pelo idealizador do projeto, o empresário Richard Reed, 40, co-fundador de uma marca de bebidas do tipo "smoothies", chamada Innocent Drinks.

A lista original continha desde um vitral que representava a Virgem Maria, feito há 673 anos, até uma pintura com bolinhas coloridas de Damien Hirst, 48.

A Virgem ficou de fora da lista final, mas o trabalho do "enfant terrible" da arte contemporânea inglesa foi selecionado pelo público.

SENSAÇÃO

Hirst não é o único representante dos chamados "Young British Artists" na mostra. Outros quatro "jovens artistas britânicos" entraram em "Art Everywhere": Gary Hume, Tracey Emin, Sarah Lucas e Chris Ofili.

Os cinco estiveram presentes numa das mostras mais barulhentas das últimas décadas, a "Sensation", que reuniu destaques da coleção do publicitário e galerista Charles Saatchi na Royal Academy of Art, em 1997.

Ofili, por exemplo, exibiu na mostra, em Londres, um retrato da Virgem Maria, ela de novo, feito com excrementos de elefante. Nenhum dos cinco jovens artistas ficou entre os dez mais votados.

O "top ten" teve obras de glórias da arte britânica do século 19, como Joseph Turner, e do século 20, como Francis Bacon e Lucian Freud, e só uma artista viva.

A obra selecionada de Cornelia Parker, 57, foi uma foto de sua instalação "Dark Cold Matter", de 1991, que reproduz uma barraca de madeira no momento em que foi explodida. A peça foi exibida na Bienal de São Paulo de 1994.

Parker esteve na sexta no pré-lançamento da "Art Everywhere", que vai oficialmente até o próximo dia 25.

Ao seu lado, estava Sir Peter Blake, 81, que teve dois trabalhos entre os 57 da mostra: uma pintura dos anos 1980 e uma capa de disco que ele ajudou a conceber, a de "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band", dos Beatles.

IMPORTÂNCIA

Numa entrevista ao jornal londrino "Telegraph", Sir Blake comentou sua surpresa com a pintura mais votada: a tela "The Lady of Shalott" (1888), de John William Waterhouse, inspirada em poema do inglês Alfred Tennyson.

Sentado num banquinho e apoiado na bengala, o veterano artista também disse o que achava da tal "maior exposição do mundo": "Não devemos fazer dela algo tão importante. Mas, se um sujeito sai para fazer compras e, no caminho, vê uma bela obra de arte, isso vai somar algo em sua vida".


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