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Roda da Folhinha - Renato Aragão

Meu pavor é parar; queria tirar o pijama e ir às ruas

AOS 78, CRIADOR DO DIDI MOCÓ FALA A CRIANÇAS SOBRE MEDO DA APOSENTADORIA, DEFENDE MANIFESTAÇÕES E CRITICA A TV ABERTA

DO RIO

Aos 78, Renato Aragão disse que o seu "maior pavor" é parar de trabalhar. "Às vezes passo a noite em claro. Vou me aposentar? Tenho que ter projetos e projetos."

Afirmou ter ficado com vontade de ir para as ruas nas recentes manifestações no país. "O Brasil está começando a acordar."

O ator e humorista conversou com jornalistas e com crianças na "Roda da Folhinha", que comemora os 50 anos do caderno. O evento ocorreu no Teatro dos Quatro, no Rio, e teve transmissão ao vivo pelo UOL (que pertence ao Grupo Folha, que edita a Folha).

O criador e intérprete do personagem Didi Mocó contou que, numa determinada noite, pensou em ir a um protesto. "Estava de pijama, mas não tinha motorista para me levar. Foi só vontade. Iam pensar que queria aparecer."

Aconselhou os jovens a não deixarem as manifestações esfriarem e disse que a sua geração estava acomodada. "Não tínhamos bandeira. Vocês estão botando o Brasil nos trilhos."

TELEVISÃO ABERTA

Aragão, que está sem programa fixo, criticou a televisão aberta. "As crianças não têm muito o que ver na TV aberta atualmente. A gente precisa conquistá-las outra vez, abrir mais espaço para elas. A TV tem que abandonar um pouco a violência."

Além de estar preparando três telefilmes para a Globo, revelou ter um projeto de um seriado infantil para o próximo ano, a ser rodado fora dos estúdios, em diferentes locais do país. Seria com Didi como protagonista, teria a participação de Dedé Santana e um formato parecido com "Acampamento de Férias" (exibido pela Globo em temporadas).

"Enquanto você tem projetos, não envelhece."

Disse que gostaria que a Globo voltasse a exibir reprises de "Os Trapalhões" ou que as colocasse na internet. "Iria direto para o target [público-alvo] do programa."

CHORO NA PLATEIA

Renato Aragão respondeu a perguntas de Laura Mattos, editora da "Folhinha", Paula Cesarino Costa, diretora da Sucursal do Rio da Folha, e Diego Assis, editor-chefe de UOL Entretenimento.

A plateia também o entrevistou. As crianças tinham curiosidades de todo tipo: "É um bom pai?" ("O melhor do mundo"), "Sabe dançar?" ("Aprendi com o Ney Matogrosso") e "Já se machucou em alguma gravação?"("Tenho o corpo todo quebrado").

Com mais de 50 anos de história na televisão, Didi já fez rir diversas gerações com seus programas e filmes.

O estudante Luis Bringel, 20, viajou do Recife (PE) ao Rio para ver seu "inspirador". De frente com Aragão, não conteve o choro: "Estudo teatro por causa dele. Quando criança, vi o filme Os Saltimbancos' mais de 40 vezes."

Quem também não conseguiu segurar as lágrimas foi Manoel dos Santos, 59. Natural de Olinda (PE), mora no Rio há 38 anos. Quando jovem, fazia imitações do famoso personagem na escola. "Meu apelido era Didi."

LEITE MATERNO

Aragão falou sobre seus cuidados com a saúde. Disse não comer carne vermelha. "E vou contar algo que nunca revelei: Mamei até os quatro anos. Por isso tenho essa saúde. Recomendo às mães o aleitamento materno."

O ator, que nasceu em Sobral (CE), contou que jogava muita bola na infância e que, na adolescência, recebeu uma proposta para ser jogador do Gentilândia Atlético Clube, de Fortaleza. Mas não conseguiu conciliar com a faculdade de direito.

TIMIDEZ

Nessa época, decidiu: "Quero ser o Oscarito um dia", disse, ao assistir a um filme do ator. Frequentou o CPOR (Centro de Preparação de Oficiais da Reserva), do Exército, fez amigos e com eles começou a experimentar seu lado humorístico. "Sou muito tímido. Não era engraçado. Como fizemos amizade, podia me soltar."

Segundo ele, sua personalidade é oposta à de seu personagem. "Talvez o Didi seja meu catalisador, o que queria ser se não fosse tão tímido: uma pessoa irreverente."

Mas, na plateia, sua mulher, Lilian Aragão, revelou: "Ele é muito diferente do Didi, mas, de vez em quando, eles se confundem. Baixa um santo', ele começa a fazer palhaçadas e me pergunto: É o Didi ou é o Renato?'".

FAMÍLIA

Pai de cinco filhos, afirmou ter tentado segurar ao máximo a caçula, Lívian, 14, que sempre quis ser atriz --está agora na novela "Flor do Caribe". "Fui muito contra a Livinha fazer novela. Mas um dia ela falou que queria e eu disse: Vai fazer'. E agora sou o da poltrona'", conta, citando um dos bordões do Didi.

PORTA DOS FUNDOS

Contou já ter visto o canal de humor da internet Porta dos Fundos "uma ou duas vezes". "A minha filha [Lívian] me mostra. Aqueles meninos são muito bons, mas pegam pesado, né? É um tipo de humor que não se pode fazer na TV aberta."

Também elogiou a geração do stand-up e afirmou: "Se me botar aqui para contar uma piada, não sei. Sei encenar a piada. É meu estilo".

MUDANÇAS

Para o humorista, a criança não mudou ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. "Ela ri do mesmo jeito que antigamente. Hoje é bem informada, mas é a mesma criança."

Algumas piadas, no entanto, mudaram. "A sociedade evolui. Certas coisas que a gente falava, mesmo sem intenção de sacanear ninguém, hoje em dia não pode. As pessoas adquiriram seus direitos, com muita razão."

CRISTO REDENTOR

Didi relembrou o momento em que escalou o Cristo Redentor, no Rio, para beijar a mão direita da estátua, em 1991. "Já era famoso e queria agradecer de forma simbólica." Contou ter planejado como chegaria à mão, mas não como voltaria de lá. "Vi que não conseguiria fazer a volta e resolvi ir de marcha a ré". "Depois, flutuei por três dias. Foi aquele estado sublime."


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