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Análise - Poesia

Reinvenção e exílio marcam o legado de Seamus Heaney

Morto ontem, irlandês vencedor do Nobel em 95 foi um dos maiores de seu país

MARCELO TÁPIA ESPECIAL PARA A FOLHA

"As letras do mundo tornaram-se etéreas".

A imagem de elevação ou sublimidade do verso com que Seamus Heaney inicia seu poema "Remembered Columns" ("Colunas evocadas") cabe neste momento de ausência, de vazio, ocasionado pela morte desse grande poeta irlandês, aos 74 anos, ocorrida ontem, em Dublin.

Um dos maiores de língua inglesa do século 20, considerado por muitos o maior entre os poetas irlandeses depois de Yeats, Heaney --vencedor do Prêmio Nobel em 1995-- deixou obra extensa, marcada por um teor conversacional e pela relação com o que se considera o legado histórico da Irlanda: o exílio.

Nascido na Irlanda do Norte, e integrante do "Grupo de Belfast", o poeta mudou-se para Dublin em 1972, onde viveu até sua morte, tendo ministrado aulas em Harvard, entre outras universidades.

Embora de outro modo, Heaney se inscreve na mesma linhagem de James Joyce: constrói sua própria identidade estético-literária a partir da redescoberta e da reinvenção da tradição sociocultural e artística de seu país, movido pelo desejo de distanciamento, de exílio.

Já se observou a importância, para a sua obra, de sua culpa por ter abandonado a Irlanda do Norte em período de crise, e de seu desejo de libertação, afinado com a necessidade joyciana de alçar voo.

Sua poética desprende-se da linearidade temporal, dotada de múltiplas vozes, pessoais e culturais, numa espécie de peregrinação mítico-religiosa, alcançando a altura da universalidade.

REVELAÇÃO

No poema citado, "Serifas de mármore, sólidas hastes / Erguidas nas rochas e postas no ápice / ascenderam como as colunas na casa da Virgem, que ascendeu ao céu / E pousou no alto da colina em Loreto. / Elevei o olhar num delirante credo / E vi o que subsiste à tradução fiel".

Tradução do real que emergiria como revelação: um sentimento, este, que toma o leitor desse poeta único, acessível, no Brasil, por meio do volume bilíngue "Poemas", antologia traduzida por José Antonio Arantes, publicada pela Companhia das Letras em 1998.


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