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Crítica serial

LUCIANA COELHO - coelho.l@uol.com.br

Sobra monotonia em 'Low Winter Sun'

Aposta para suceder 'Breaking Bad' se ampara em anti-herói atormentado e sangue, mas entedia

Há um elogio-padrão e quase sempre solitário para filmes discretamente pretensiosos, com tudo no lugar, elenco e equipe competentes e algum hype ao redor, mas que, por algum motivo, não conquistam o espectador nem despertam nele empatia maior: "a fotografia é ótima".

Pois "Low Winter Sun", a série policial que o canal americano AMC estreou com barulho no último dia 11 na cola da cultuada "Breaking Bad" tem, além de enorme ambição, uma ótima fotografia.

Não é piada, ainda que pese a ironia. A fotografia da produção, assinada por ora pelo mexicano Patrick Murguia e amparada no jogo de claro/escuro comum na ficção do gênero, mas com um grau a mais de sofisticação, é sóbria e triste, quase um personagem em cena.

Infelizmente para o canal, que tinha planos de emplacá-la como próximo hit com o fim iminente de "Breaking Bad", a fotografia sozinha não segurará os dez episódios desta temporada --que dirá uma próxima-- em um momento em que as estreias na TV americana são mais esperadas do que as do cinema.

"Low Winter Sun" (algo como "sol invernal baixo", alusão à latitude de Detroit, onde se passa) narra a tentativa do investigador Frank Agnew (Mark Strong) de encobrir o assassinato de um colega e, ao mesmo tempo, desmontar a rede de pequenos e grandes delitos em torno do crime que ele mesmo cometeu.

Agnew, um tipo arredio, é apresentado como um policial "bom" em princípio, quase ingênuo. Mas, como deixa claro o diálogo inicial, esta é uma série de cinzas, onde os personagens podem estar dos dois lados simultaneamente (embora, passados três episódios, todos pareçam do mesmo lado).

No caso do protagonista, ele é persuadido a matar pelo policial Joe Geddes (Lennie James), interessado em se livrar de seus problemas.

A isca é o sumiço de sua namorada, cuja lembrança o atormenta a todo tempo. E o cenário é uma cidade decadente e soturna, quase tanto quanto o submundo que abriga.

A série é produzida por Chris Mundy (de "Criminal Minds") e inspirada em minissérie inglesa homônima de 2006, na qual o personagem principal também ficou a cargo do competente Strong ("A Hora Mais Escura").

Apesar do esmero, contudo, não é difícil entender por que os críticos americanos estão divididos em relação ao novo drama.

Tudo nele parece impecável à primeira vista, mas, com coadjuvantes erráticos --o excelente David Costabile, que fez o Gale de "Breaking Bad", é desperdiçado-- e uma monotonia narrativa que arrasta por mais de 500 minutos o que parece caber em 90, a história não conquista. Falta-lhe alma. E esse pecado é mortal na TV pós-smartphones, tablets e redes sociais.

A melhor parte são os créditos iniciais, que interpõem imagens melancólicas dos personagens e da recém-falida cidade, terra da indústria automotiva e da Motown, ao som da diva local Bettye LaVette. É pouco para o canal que se consagrou por "Mad Men" e "Breaking Bad".

Mas a fotografia é ótima.


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