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Análise

Artista é, no mínimo, o mais incendiário de sua geração

LUIZ FERNANDO VIANNA ESPECIAL PARA A FOLHA

Da talentosa geração que despontou no Nordeste no início da década de 1970 (Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Fagner, Belchior, Ednardo), Alceu Valença foi, no mínimo, o mais explosivo.

Sua combinação de forró, baião e embolada com rock e performance teatral era incendiária e cativante.

Em seus shows com Jackson do Pandeiro, em 1978, ele fazia uma versão de "Pisa na Fulô" que resume isso: acordeom mais solo de guitarra; trejeitos vocais de repentista mais postura de roqueiro.

Já se passaram quatro anos de seu último disco, "Ciranda Mourisca", em que apresentou versões suaves de alguns de seus sucessos. Um disco com momentos bonitos, refletindo um homem com mais de 60 anos, que deixava um certo gosto de saudade do Alceu incendiário.

Ouvindo-se, por exemplo, "Dia Branco", "Molhado de Suor" e "Dente de Ocidente" no CD de 2009 e no LP de 1974 (seu primeiro solo, intitulado "Molhado de Suor"), percebe-se que as canções em nada envelheceram, mas perderam um pouco de intensidade nas interpretações.

Como 35 anos não são 35 dias, Alceu ainda pode enternecer, mas não levanta mais a poeira. Talvez nem queira.

E, também, o país dos anos 1970, sob a ditadura militar, inspirava uma agressividade que hoje pode soar deslocada, apesar dos protestos nas ruas.

Mas Alceu continua sendo quem combina melhor Olinda e Leblon, Luiz Gonzaga e baladas, irreverência forrozeira e dores de amor. O lugar que conquistou com suas grandes composições ("Maracajá", "Íris", "Espelho Cristalino", "Coração Bobo", "Anunciação") é só dele e ninguém tasca.


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