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Documentário revela o homem por trás das feministas do Femen

Produção de diretora australiana é exibida no Festival de Veneza

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Mulheres bonitas de topless protestando por causas feministas, homossexuais e sociais só podia ser ideia de homem. E é exatamente o que revela o documentário "Ukraine is Not a Brothel" ("Ucrânia Não é um Bordel"), da australiana Kitty Green, 28, exibido, ontem, fora de competição, no Festival de Cinema de Veneza.

O filme da diretora relata que o Femen, movimento feminista surgido na Ucrânia em 2008, que chama atenção por ter mulheres em protesto com os seios à mostra, tem um homem por trás do grupo: Viktor Svyatsky, até hoje tido apenas como um consultor do movimento.

De acordo com o documentário, o cientista político teve a ideia de escolher as garotas mais bonitas para "chamar a atenção da mídia" e, após ajudar a fundar o Femen, passou a ganhar espaço até começar a liderá-lo. E de forma abusiva, agressiva.

"Como eu não falava russo, não entendia o que ele estava dizendo", conta a diretora em entrevista à Folha. Kitty Green acompanhou o grupo por 17 semanas e filmou mais de cem protestos.

"Aos poucos fui entendendo palavras como cadela' em seus gritos com as meninas. Pensei que ia fazer um filme sobre a importância de um grupo feminista e acabei com uma história mais sombria."

Sasha e Inna Shevchenko, duas das mais proeminentes faces do Femen, confirmam a presença de Svyatsky na liderança do grupo e que ouviam tantos palavrões "que não podemos nem repetir".

"Sabíamos que era um paradoxo sair às ruas protestando por direitos para as mulheres e voltar para casa e encontrar Viktor", diz Sasha, que é mestre em economia. "Mas a gente não sabia o que fazer para escapar da situação."

As garotas dizem que Svyatsky não faz mais parte do movimento há mais de um ano. "Não sei onde ele está, mas sei que foi espancado pela polícia de Kiev recentemente", conta a feminista, que não acredita que o filme prejudicará o Femen.

"Pela primeira vez em nossas vidas, estamos completamente nuas diante de vocês, contando toda a verdade. O Femen tinha vários homens em nossos círculos, porque nossa luta não é apenas das mulheres, mas de toda a sociedade", continua

Mas por pouco essa revelação não ganhou forma. A diretora, que tem raízes ucranianas, quase não conseguiu colocar seu grande "protagonista" em frente da câmera. "Foi muito difícil. Eu passei meses com muito medo de pedir para ele aparecer", revela. Quando o faz, Svyatsky explica que só assumiu o comando do movimento Femen porque "aquelas mulheres são fracas".


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