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Mundo digital é o vilão em livro novo de britânico da nova geração

Steven Hall divide mesa com o conterrâneo Ben Markovits e os brasileiros Daniel Galera e Antonio Prata

Em São Paulo, autor de 'Cabeça Tubarão' comentará processo criativo com outros selecionados da 'Granta'

RAQUEL COZER COLUNISTA DA FOLHA

"Será uma espécie de romance de horror", diz o britânico Steven Hall, 38, sobre seu próximo romance, no qual vem trabalhando desde 2007.

A obra, que teve trechos publicados na recém-lançada antologia "Granta - Os Melhores Jovens Escritores Britânicos" (Alfaguara), tem como vilão o mundo digital, "enfiando suas garras" na literatura tal como a conhecemos.

"Vou tratar dos perigos de perdermos os livros físicos e investigar o que as histórias podem se tornar quando perderem as capas que as separam umas das outras, tornando-se eletrônicas, fluídas e suscetíveis à corrupção", diz ele à Folha, por e-mail.

Há, é claro, ironia nessa defesa que ele diz ser sincera. Antes mesmo de ser eleito um dos destaques de sua geração pela famosa revista literária inglesa, Hall chamava a atenção por subverter as possibilidades do livro impresso.

Seu primeiro romance, "Cabeça de Tubarão" (Companhia das Letras) fez isso de várias formas: na apropriações de ideias alheias (do livro "Moby Dick", de Herman Melville, ao filme "Amnésia", de Christopher Nolan), nas ilustrações com texto ao longo da narrativa, nos "anticapítulos", espécie de negativos de cada trecho da história, que ele vem soltando aos poucos, aleatoriamente, na internet e em edições internacionais.

Hoje, Hall desembarca no Brasil para debater com três colegas de geração e de seleção pela "Granta", o também britânico Ben Markovits e os brasileiros Daniel Galera e Antonio Prata. Eles participam de mesa às 20h no Sesc Consolação, promovida pelo British Council. No sábado, voltam a conversar durante a Flupp Pensa, no Rio.

"Temo estar atrasado com minhas leituras de autores do Brasil", diz Hall à Folha, por e-mail, ao ser questionado sobre os nomes da "Granta - Os Melhores Jovens Escritores Brasileiros" com quem discutirá, como anuncia o material de divulgação, "a nova literatura britânica e brasileira".

Mas, no que depender da própria produção, Hall promete assunto de sobra.

Conhecido por criar roteiros para games, adorado por um público ligado à internet e à cultura pop, diz se interessar pela "necessidade de entender as mudanças" pelas quais a literatura passa.

Ele lança um olhar científico, com ampla margem de liberdade criativa, tanto em "Cabeça Tubarão" quanto em "The End of Endings", o romance em progresso.

"Sou fascinado pelo maquinário do mundo e das histórias. O maquinário da linguagem é o mesmo que nos permite pensar e descrever nossas existências."

Sobre o excesso de referências culturais em suas histórias, diz que é algo que o fascina desde "Cabeça Tubarão", que tratava da perda de memória. "A memória se apropria de ideias alheias, simplifica, trapaça, então tudo isso fez sentido ali e continua fazendo para mim."


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