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Análise

Julia Louis-Dreyfus se sai bem em noite voltada a anti-heróis

TETÉ RIBEIRO EDITORA DA "SERAFINA"

Julia Louis-Dreyfus sempre se sai bem em ambientes dominados por homens. Foi assim na série que a colocou no mapa, "Seinfeld", em que interpretava o único personagem feminino do quarteto que mudou a história da TV, a maluquete Elaine.

Foi assim de novo ontem, quando levou o Emmy de melhor atriz de série cômica por seu papel como Selina Meyer, a vice-presidente ambiciosa de "Veep".

Foi sua terceira premiação, numa noite em que todos os olhos estavam voltados para os anti-heróis vividos por Bryan Cranston em "Breaking Bad" e Jon Hamm em "Mad Men".

Indicada 13 vezes ao prêmio, ganhou um por década desde os anos 1990, o primeiro por "Seinfeld" (1996), o segundo por "The New Adventures of Old Christine" (2006), quando fez um discurso emocionado sobre o fim da "maldição de Seinfeld", segundo a qual nenhum dos protagonistas jamais faria algo à altura.

"Veep" estreou em 2012, e Julia interpreta uma personagem inspirada em Hillary Clinton, que tem pretensões de virar presidente, mas é constantemente escanteada pelo chefe.

Na Casa Branca, procura conquistar espaço numa Washington povoada de homens. É como se a Elaine tivesse decidido se soltar da turma de "Seinfeld" e se enfiado em "House of Cards". Selina é ultra-ambiciosa, autocentrada, atrapalhada, insegura e algo sociopata --e muito engraçada.

Mas parece não entender todas as regras do jogo de adultos da capital americana. É uma anti-heroína, e a série leva a atriz a esse outro universo especialmente masculino, dos personagens odiosos pelos quais a gente não tem como não torcer.

Selina Meyer está bem mais para o Don Draper de "Mad Men" do que para o Walter White de "Breaking Bad", mas não tem absolutamente nada em comum com as detestáveis donas de casa interpretadas por Anna Gunn ou Morena Baccarin, respectivamente em "Breaking Bad" e "Homeland".

E Julia faz com Selina o que faz com todas as suas personagens: você não só perdoa qualquer falha, como torce por ela e não tira o olho.

O cinema nunca foi um fetiche da atriz, que tinha feito apenas um longa-metragem até agora, "Desconstruindo Harry" (1997), de Woody Allen. Mas, em 2013, pela primeira vez em 15 anos, a atriz está em um novo longa-metragem, ao lado de outro grande ator marcado por um papel de anti-herói na TV, James Gandolfini ("Família Soprano"), morto em junho, aos 51 anos.

É a comédia romântica "Enough Said", dirigido por Nicole Holofcener, que já está sendo considerado um dos melhores deste final de ano. Será a hora de Julia Louis-Dreyfus quebrar a "maldição da TV" e ser indicada ao primeiro Oscar?


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