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MAC exibe recorte de seu acervo de fotos

Além da mostra de León Ferrari, museu universitário expõe parte de sua coleção fotográfica, iniciada nos anos 70

Corpo e paisagem estão no centro de 'Fronteiras Incertas', em imagens que se distanciam do registro documental

DE SÃO PAULO

Lábios e olhos. Pelos do corpo, pele de todas as cores: o corpo fragmentado, quase violentado pela fotografia, serve de abre-alas à nova mostra do acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP.

Desde que a instituição começou a colecionar fotografias, nos anos 1970, o foco parece ter sempre se dirigido para experimentos de linguagem mais ousados, que aproximam a técnica da arte contemporânea em detrimento do registro documental.

Na exposição agora em cartaz, artistas mais e menos conhecidos, do concretista Waldemar Cordeiro aos fotógrafos Claudia Andujar e Boris Kossoy, passando por pioneiros das artes do corpo, como Hudinilson Jr., exploram a arquitetura da imagem, assim como a anatomia esquadrinha o corpo humano.

"É o tema do corpo, mas também a própria fotografia que ganha corporeidade", analisa Helouise Costa, curadora da mostra. "Foi um momento de romper fronteiras."

Uma primeira leva desse movimento está na obra de poloneses que expuseram no MAC nos anos 1970, como Janusz Bakowski, que cria repetições vertiginosas de lábios e orelhas em montagens fotográficas, e Edward Grochowick, com um painel só de olhos em primeiro plano.

A mostra parte de uma reflexão ao mesmo tempo intimista e transgressora sobre o corpo, para depois examinar o comportamento desse corpo na paisagem, seja ela a das metrópoles ou a dos sertões.

Maureen Bisilliat tem na mostra o célebre ensaio "Pele Preta", que alterna planos abertos e fechados no registro de personagens negros.

Outra série poderosa --a das imagens um tanto lisérgicas que Claudia Andujar fez dos índios ianomâmi em ocas que parecem se abrir para céus estrelados e ultracoloridos-- contrasta com a austeridade monumental do Palácio do Planalto, retratado pela alemã Candida Höfer.

DICOTOMIA

Visões contrastantes de Brasil e de corpo dominam a exposição, indo do corpo humano instrumentalizado, visto em chave metonímica, à ideia de corpo na cidade, com prédios belos ou que se mostram opressores.

Imagens fragmentadas da avenida Juscelino Kubitschek, obra de Cassio Vasconcellos, ou aviões e helicópteros sobrevoando prédios imensos, no registro de Nancy Davenport, e mesmo um Copan desmilinguido em fragmentos molengas, de Odires Mlászho, exacerbam com força essa dicotomia.

Na mostra, conforme o olhar fotográfico vai perdendo a ambição de ser um registro definitivo do real, os fragmentos furtivos, ou tudo que é visto de soslaio, ganham peso maior nas composições.

Numa alusão ao próximo passo da fotografia, as imagens em movimento, a mostra no MAC se encerra com experimentos nessa linha.

Em uma colagem, o britânico David Hockney justapõe, na mesma superfície, o registro de momentos distintos do encontro entre duas pessoas, como um filme cujos fotogramas não se veem em sequência, mas ao mesmo tempo.

São exercícios que, nas palavras da curadora, "redimensionam tudo o que a gente pode ver".


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