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Obra de Lina Bo Bardi vira fetiche no MAM

Em sua 33ª edição, Panorama do museu paulistano convoca artistas e arquitetos para repensar a sede da instituição

Paredes foram retiradas e entrada mudou de lugar para enfatizar a estrutura criada sob marquise no Ibirapuera

SILAS MARTÍ DE SÃO PAULO

Um grande vazio é a obra, ou melhor, a mensagem. Lisette Lagnado, curadora do Panorama da Arte Brasileira, que começa hoje no MAM (Museu de Arte Moderna), arrancou as paredes do espaço e inverteu a posição da entrada para exaltar não peças de qualquer artista, mas a arquitetura de Lina Bo Bardi, que reformou o prédio há 30 anos.

"Quero que da entrada se veja até o fundo", diz Lagnado. "A ideia é poder ver o museu em toda a sua estrutura."

Em vez do mapeamento da produção emergente que costuma fazer o Panorama, Lagnado escalou arquitetos e alguns artistas para repensar a natureza desse espaço --isso que seria uma construção temporária sob a marquise traçada por Oscar Niemeyer, mas virou um parasita fixo.

Nessa visão de túnel, maquetes de possíveis --ou um tanto utópicas-- novas sedes do MAM e reações mais e menos ousadas dos artistas surgem sem obstáculos, num painel rebaixado de trabalhos que de certa forma se misturam à arquitetura do prédio.

"Meu desafio foi fazer uma exposição árida, que não fosse sensorial", diz Lagnado. "Estou trabalhando numa fronteira. Não é uma exposição de arquitetura, mas é uma mostra de arte em que a arquitetura também entra."

Ou domina. Meses depois da mostra que transformou a Casa de Vidro --onde a arquiteta viveu por quatro décadas até a morte, em 1992--, num estranho mausoléu com obras que se perdiam em meio ao mobiliário, o Panorama também faz de Bo Bardi uma espécie de fetiche dos artistas.

Obras como as cortinas metálicas do espanhol Daniel Steegman-Mangrané usam traços dos croquis da arquiteta para o Masp e o Sesc Pompeia. Vitor César retoma as mesmas cores da maquete original do MAM para cobrir as paredes do museu.

Enquanto isso, arquitetos divergem entre renunciar ao parque e refundar o MAM no centro da cidade, onde teve sua primeira sede, e extirpar o museu da marquise para outros pontos do Ibirapuera.

No projeto do grupo SPBR, o MAM se transforma numa passarela que circunda o parque, a dez metros do chão, tendo como acervo não só a coleção do museu mas também a vista de todo o conjunto arquitetônico de Niemeyer.

Fora do Ibirapuera, a segunda etapa da mostra começa em duas semanas com intervenções em pontos do centro paulistano, como uma livraria e a galeria Nova Barão, onde a artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster vai instalar uma réplica de um posto de salvamento desenhado por Sérgio Bernardes para a orla carioca.


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