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Opinião

Canais intercalam o prazer da comida e o peso da culpa

ALEXANDRA MORAES EDITORA-ADJUNTA DA "ILUSTRADA"

"Chuchu à milanesa", "suco de maracujá com cidreira", "banana na brasa".

O programa de Rodrigo Hilbert instrui o espectador na arte dos pratos autoexplicativos. Já os "Homens Gourmet" formam um time bronzeado que arrisca da brandade de bacalhau ao ovo no buraco. A busca da TV por homens cozinheiros experimenta uma espécie de apogeu.

Renovam-se as temporadas, ajeitam-se as barbas por fazer. E onde foram parar as mulheres? (Sim, ficaram Palmirinha e Carla Pernambuco, mas nada de novo no cooktop; já Rita Lobo sumiu.)

Contra o velho e triste "lugar de mulher é na cozinha", os canais ditos femininos parecem ter aproveitado para capitalizar sobre uma espécie de afago: "Aqui, não! Homem é que vai pra cozinha".

E daí o que se vê é uma lasanha de programação que intercala o vislumbre do prazer e o peso da culpa. Passa a torta caipira antes do show sobre riscos da obesidade.

A bolinha de queijo é frita antes de dicas de ioga ou truques de maquiagem (no "Ser Mulher", é possível exercer o gênero com "maquiagem em tons berinjela"). Corta pro camarão empanado. Logo mais, "Medida Certa", no GNT.

E é bom cuidar da cabeça: tem programa zen para aliviar a mente depois de uma hora de gritos do chef Gordon Ramsay por causa de uma salada.

As revistas para mulheres são povoadas há décadas pela sucessão de dicas de receita gorda, mulher magra e cabeça fria. O curioso, aqui, é que logo a melhor parte da troica deixe de ser feminina.


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