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Opinião

Cantor quebra a idealização romântica da música popular

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

As novas gerações podem chiar, mas só quem já passou dos 50 anos ou está perto disso pode entender realmente a dimensão do impacto de Odair José na música popular brasileira. Aquela que era popular de verdade.

Não era pouca coisa ligar o "radinho" no início dos anos 1970 e ouvir um cantor se declarando apaixonado por uma prostituta, prometendo tirá-la da vida na zona e levá-la para um lugar melhor. Muito menos falar de pílula anticoncepcional em versos de uma canção.

Odair José teve outros hits, como a pegajosa "A Noite Mais Linda do Mundo". E canções muito boas que não alcançaram o sucesso merecido. Basta ouvir as faixas menos populares de um álbum como "Lembranças", de 1974, para conhecer um compositor sofisticado.

No entanto, "Eu Vou Tirar Você Deste Lugar" e "Uma Vida Só" (mais identificada pelo verso de seu refrão, "Pare de Tomar a Pílula"), são suficientes para classificar Odair José como revolucionário.

Seu grande fator subversivo foi quebrar a idealização romântica do cancioneiro popular. Deixou de lado as declarações de amor eterno e as promessas desmedidas --tirar a prostituta de seu ofício era uma ação possível, sem prometer mares de rosas.

Odair José cantou o namoro real. Ele manteve os pés no chão ao criar canções sobre relacionamentos críveis, letras que tratavam do dia a dia de milhares de casais, como tomar ou não a pílula.

Chamar isso de música brega é sem sentido. Ao lado dos artistas bregas de verdade que repartiam o dial AM do rádio, Odair José era a mensagem direta para quem estava tocando a vida com uma dose possível de romantismo.


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